O preconceito enfrentado pelas mulheres na ciência foi debatido durante a mesa-redonda Mulheres e sociedade, realizada no âmbito da 69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Quatro mulheres debateram sobre a dificuldade das mulheres cientistas se imporem no mercado de trabalho e o preconceito que sofrem no dia a dia, apenas por ser mulher.

 

Estela Maria Motta Aquino, professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), iniciou o debate dizendo que devemos comemorar as conquistas femininas ao longo dos anos, mas que ainda falta muito para poder falar sobre equidade de gênero na ciência.

 

“Precisamos aliar resistência e articulação para buscarmos novas conquistas. Ainda temos um caminho longo para trilhar nos centros de pesquisas e laboratórios”, disse Estela.

 

“Há razões científicas e econômicas para se estudar gênero e ciência. Metade da nossa população é formada por mulheres, então é um número muito grande de pessoas que precisam estar envolvidas na ciência”, explica a professora Alice Rangel de Paiva Abreu, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

 

Alice ainda acrescentou que o Brasil, apesar da desigualdade de gêneros no mercado de trabalho, é um dos três países em que pessoas que possuem o título de doutor, são em sua maioria mulheres. Por isso, a perspectiva de gênero é tão importante para entender os processos sociais que levam mulheres e homens a ocuparem diferentes espaços na ciência.

 

“Temos mais mulheres doutoras porque, quando as mulheres têm oportunidade, elas se dedicam e acabam se destacando. A ciência com mais mulheres é uma ciência melhor. A diversidade e a pluralidade, não só de gêneros, mas também de raça, trazem bons resultados, e isso já foi amplamente comprovado”, afirma Alice.

 

“Dados da Academia Brasileira de Ciências mostram que há muitas mulheres na graduação, mas esse número diminui à medida que aumenta a titulação. Os estereótipos da mulher cientista dificultam o interesse de meninas pelo campo da pesquisa. Precisamos resgatar histórias de grandes mulheres pesquisadoras, porque isso serve de exemplo e nos ajuda na busca por posições de destaque.” diz a professora Marcia Cristina Bernardes Barbosa, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que ainda apresentou números que mostram que os homens são maioria nos laboratórios e centros de pesquisa.

 

 

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