Não dá pra imaginar o horror do Holocausto. Foram mais de 6 milhões de judeus mortos durante a Segunda Guerra, entre 1939 e 1945. As cenas de sofrimento, de violência, se perpetuaram por muitos anos e os sobreviventes levaram muito tempo para conseguir retomar suas vidas, já não tinham mais casa, família, nada…

Monstros, algozes, carrascos, desumanos. Esses são alguns dos termos mais atribuídos aos responsáveis pelo terror do Holocausto. Mas os protagonistas de um livro lançado recentemente os conhecem por outro nome: “papai”.

Nascidos entre 1927 e 1944, eles eram no máximo adolescentes durante a Segunda Guerra Mundial e a experimentaram de maneira certamente distinta do resto do mundo. Seus pais eram os algozes de uma violência sem tamanho. Como, então, conciliar a imagem afetuosa e familiar de seus pais com os atos monstruosos que vieram à tona após 1945?

Em Filhos de nazistas, lançamento da Editora Vestígio, parte do Grupo Autêntica, Tania Crasnianski apresenta um lado até agora pouco conhecido dos principais braços direitos de Hitler e se volta às questões morais, psicológicas e sociais dessa herança sombria: podemos culpar os filhos pelos erros de seus pais? Podemos culpá-los por perdoá-los? Pode um filho escapar ao legado familiar que o moldou nos primeiros anos de sua vida?

 

 

Sendo ela mesma descendente de um ex-combatente alemão, a autora parte de um ponto de vista único para tentar entender as maneiras encontradas pelos “herdeiros do Terceiro Reich” para lidar com o peso de seu sobrenome. Resgatando esses depoimentos com rigor, Crasnianski traça um perfil ainda mais assustador de Himmler, Göring, Hess, Frank, Bormann, Höss, Speer e Mengele do que aquele amplamente divulgado: homens comuns e até mesmo afetuosos, que causam incômodo não pela sua monstruosidade, mas pela sua normalidade.

Tania Crasnianski tem origem russa, francesa e alemã. Neta de um ex-oficial da Força Aérea Alemã que sempre se recusou a falar no assunto, ela canalizou sua busca pela justiça em uma carreira como advogada penal em Paris antes de escrever este livro.

Na época, muitas crianças, filhos dos militares de Hitler, não sabiam o que estava acontecendo e só depois do final da Guerra, quando todos os horrores vieram à tona, eles finalmente tomaram conhecimento do horror da guerra e de quantas pessoas tinham morrido inocentemente.

Algumas dessas crianças perderam contato com seus pais, os condenaram pelos horrores, outras, estranhamente ainda os idolatravam e o livro conta algumas dessas histórias mostrando a miséria, a vergonha ou isolamento que passaram como resultado de um ato tão horrível que até hoje é lembrado com dor por toda a humanidade.

 

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