Eu acompanho a Márcia Neder  há anos e admiro muito seu trabalho como jornalista e influenciadora.

Ela é uma das mulheres que contribui para o crescimento de conteúdos e editorias femininos no mercado e tem uma carreira escrita lindamente.

Depois de sair das redações, resolveu trazer ao mercado novos Planos e, com o lançamento de seu livro, A Revolução das Mulheres, irá provocar cada uma de nós a pensar sobre as mulheres de uma forma totalmente fora da curva.

Entrevistei a Márcia pra ela mesma contar um pouco sobre a sua trajetória pra gente e o lançamento de seu livro que fala sobre “As mulheres invisíveis”:

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Plano Feminino: Conte um pouco sobre sua trajetória pessoal e profissional.

Márcia Neder: Sou carioca, me formei como jornalista na PUC do Rio e me mudei para São Paulo no final de 1978, e desde então vivo aqui.

Em 79, entrei na Editora Abril como repórter da revista NOVA e lá galguei todos os postos até chegar a diretora de redação. Depois fui dirigir a revista Claudia, onde fiquei por sete anos, até que assumi o cargo de publisher de uma série de revistas, como Elle, Estilo, Saúde, Boa Forma, Women’s Health, Bons Fluidos e Vida Simples. Ou seja, mais de três décadas sempre no mundo das revistas, sempre no jornalismo feminino, sempre viajando pela alma feminina, que eu adoro!

PF: Quais os principais altos e baixos que marcaram pra você?

MN: Esta é uma pergunta difícil de responder, já que a minha carreira teve uma ascensão constante e sem turbulências, a não ser aqueles pequenos obstáculos que a minha geração teve para mostrar que era tão boa quanto os homens. Mas eu posso dizer que sempre tive muita sorte e um caminho suave, se comparado a muitos outros.

PF: Qual o objetivo de escrever sobre as mulheres 50+?

MN: Quando eu saí da Abril, montei a minha própria empresa – “Todas as Mulheres, por Marcia Neder” -, e decidi que queria voltar à reportagem e à escrita, depois de muitos anos na gestão. Escolhi vários temas, sempre no trilho do comportamento feminino, já que essa sempre foi a minha especialidade e o meu prazer. E resolvi começar desvendando o nicho das novas mulheres maduras, poderosas e atuantes, mas que se definem como “invisíveis”. Fui descobrir porque diziam isso.

PF: O que o livro traz de reflexão para os leitores?

MN: Este livro não é para mulheres maduras, mas sobre mulheres maduras e traz reflexões para elas e todas as outras pessoas, de qualquer idade, que querem entender as mudanças profundas que estão acontecendo na sociedade, que impactam a mídia, as empresas e a formulação de políticas públicas, mas que não estão sendo abordadas nem com a importância, nem com a urgência necessárias.

PF: O que te motivou a escrever?

MN: Resolvi, então, estudar os baby-boomers, que é a geração nascida no pós-guerra, entre 1946 e 1964, a minha geração, que passou pelas mudanças mais rápidas e profundas ocorridas em tão pequeno espaço de tempo na história da humanidade. Foi a primeira geração que pode contar com novas práticas sanitárias, que desfrutou de um conjunto de avanços da ciência que controlou as doenças infecciosas com novos medicamentos e antibióticos, que viveu uma revolução tecnológica que mudou a noção de tempo e distância e teve acesso a um nível educacional de ponta.

Nenhuma geração de mulheres até então pode contar com um método anticoncepcional que permitia o controle da gravidez indesejada. Diante de tantos benefícios, um grupo de mulheres aproveitou para mudar o rumo da própria vida, não aceitando mais o papel de coadjuvante na sociedade e protagonizou a Revolução Feminina, a mais bem sucedida mudança social e econômica do século 20.

É claro que as baby-boomers que tomaram pílula, derrubaram tabus, lutaram pelo divórcio, entraram no mercado de trabalho e ficaram independentes não iriam envelhecer como suas mães e avós. E, para não trair o seu DNA, estão fazendo uma segunda revolução ao reinventarem o envelhecimento e criarem um novo sentido para a maturidade.

Uma revolução ainda silenciosa, mas tão transformadora quanto a primeira.

PF: Qual sua visão sobre estas mulheres?

MN: Há uma mudança demográfica profunda acontecendo no país. O Brasil passa de um país jovem para um país maduro em espantosa velocidade. Mas a sociedade não está enxergando isso e ainda tem uma visão preconceituosa e estereotipada da velhice. E não é capaz de ver nuances e detalhes no grande borrão da Terceira Idade.

Essa geração chega à maturidade com uma expectativa de vida aumentada em 20, 30 anos, se compararmos ao tempo em que nasceram. O que me motivou a escrever foi investigar o que está acontecendo com elas e quais são os Planos que têm para o futuro longo que ainda têm pela frente. Certamente não é parar e se recolher ao lar, cercada de netos.

Minha maior supresa foi as minhas entrevistadas se dizerem invisíveis, apesar de todas serem pessoas influentes no meio em que atuam. Meu livro ganhou um novo propósito, dar voz e visibilidade a essa geração que, mais uma vez, vai mudar a história das mulheres.

PF: Você considera que a mídia é a grande responsável pela exclusão das mulheres com mais de 50 de suas propagandas? Porque?

MN: A mídia não é responsável por essa invisibilidade, embora a perpetue. A mídia reflete o que a sociedade pensa e a cultura brasileira não enxerga o idoso. As pesquisas, portanto, usam os 50 anos como idade de corte. Ou seja, ninguém olha, ninguém vê e fica por isso mesmo. Só que isso é um erro tremendo. Vai perder dinheiro quem não entender que há muitos nichos dentro do borrão da Terceira idade, que são profundamente diferentes entre si e com necessidades específicas a serem atendidas, que passam longe apenas de soluções para doenças e fragilidades.

Dentro desse borrão, há um nicho de mulheres maduras poderosas, influentes, ativas, produtivas e com dinheiro no bolso. Que se diz invisível!

Fiz uma pesquisa qualitativa, em parceria com a Club de Pesquisa, e chegamos a sete perfis que representam essa geração de mulheres maduras revolucionárias. Quem ficar atento a elas, vai ganhar da concorrência.

PF: Qual a sua sensação pessoal sobre os cinquenta anos? Como se vê e quais são os planos?

MN: Eu chego aos 63 anos mudando completamente a minha vida. Reinventando a carreira e fazendo novos Planos.

Nunca imaginei que estaria tão feliz e em paz com a vida. A maturidade tem seus perrengues, claro, o vigor físico não é mais o mesmo. Mas o vigor intelectual só cresce. Como disse a empresária Sonia Hess, “na maturidade, estamos no auge da fertilidade mental.” Concordo totalmente com ela. Hora de novos valores, novos aprendizados, novos propósitos e vamos em frente!

PF: Qual a dica que você daria para a mulher que você aborda em seu livro?

MN: Se eu pudesse dizer uma coisa só para todas as mulheres, sobretudo às jovens, é que não pensem que a maturidade é o começo do fim. É um novo começo para um tempo que pode ser muito bom. Como disse a empresária Chieko Aoki, quando pensamos na alternativa, a maturidade é um privilégio: “Temos que pensar no ciclo da vida como uma eternidade. A gente tem espaço em outras atividades a vida inteira. Ninguém é inútil, desde que queira ser útil.” Simples assim!

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Serviço:

Lançamento do livro “A Revolução das 7 Mulheres”

24/06/2015

Livraria Cultura – Shopping Iguatemi

das 18h30 às 20h30

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