É difícil imaginar a dor de uma mãe ao perder um filho. A diretora de criação e co-fundadora da agência Badger & Winters, Madonna Badger, 51 anos, perdeu suas 3 filhas e seus pais em um incêndio, no Natal de 2011.

Depois de quatro anos, Madonna decidiu que a melhor forma de lidar com a dor era assumir uma postura mais crítica com relação à própria profissão e tentar fazer algo importante pelas mulheres.

Com isso em mente, Badger decidiu tomar uma posição forte na questão do sexismo na propaganda e lançou a campanha #WomenNotObjects (mulheres não são objetos), com o impactante vídeo que você pode ver abaixo, feito com imagens de anúncios com uma simples busca no Google sobre o tema “objectification of women”.

 

 

Muitos ficaram surpresos, já que Madonna Badger ajudou a criar a famosa campanha da Calvin Klein, de 1992,  com Kate Moss e Mark Wahlberg nus e em poses sensuais.

 

campanha calvin klein

 

Badger não nega que já objetificou mulheres para vender produtos, como contou em entrevista para o programa Today da TV norte americana:  “Eu acho que sexo vende, mas sabe qual o problema? O mal que estamos fazendo e isso me fez tomar essa decisão.” Esse mal influencia principalmente meninas entre 7 a 10 anos “a idade média em que uma menina começa dietas é 7 anos e 81% das meninas de 10 anos acham que estão gordas”, segundo Badge. ´Não é difícil de entender o argumento, lembrando que as filhas dela tinham entre 7 e 9 anos.  

A decisão vai além da campanha #WomenNotObjects: Badger decidiu que sua agência não vai mais produzir anúncios que coloquem a mulher como objeto, onde elas não tem “nem voz e nem escolha” e pede que outras empresas e agências façam o mesmo.

Segundo ela  “as pessoas estão percebendo que objetificar as mulheres está intimamente ligado com a desigualdade entre homens e mulheres”. Um dos pontos da campanha é lembrar que mulheres são mães, filhas, colegas de trabalho, amigas, gerentes, CEOs e que não é assim que elas querem ser tratadas.

A publicitária também assumiu o compromisso público de não mais ultra retocar imagens de mulheres ao ponto delas chegaram em uma perfeição inatingível e que não mais usaram partes do corpo feminino como “iscas” em anúncios, segundo ela “não peitos ou bundas: elas devem ser vistas como ser humanos inteiros e íntegros”.  

Embora pareça motivada apenas por motivos nobres, existe uma realidade cada vez mais forte que pode ser a inspiração de Badge: “A inovação no marketing é se colocar no lugar do seu consumidor e não mais enchê-lo de vergonha e ansiedade (aquela coisa de você não é bom o suficiente, seu cabelo não é o certo), para depois resolver o problema”. Badge sabe que as pesquisas apontam um distanciamento do público feminino com a publicidade, em um momento que esse público tem ganhado mais poder de compra e de decisão – artigo da WWD aponta as americanas como responsáveis por 75% das decisões de compra, mas com apenas 11% dos anúncios direcionados para elas. A última pesquisa Nielsen mostrou que mais mulheres americanas assistem ao Super Bowl do que Oscars, Grammys e Emmys.

Até o momento dessa coluna, o vídeo já tinha passado 1.500.000 views em 167 países. Mas sua abordagem está longe de ser uma unanimidade, recebendo comentários agressivos de vários usuários. Ainda assim, a conversa está aberta na página de Facebook da campanha www.facebook.com/womennotobjects. Independente dos diversos detratores, Madonna Badge conseguiu o que queria: lançar uma discussão acirrada e internacional sobre o sexismo na propaganda, colocando sua agência, a Badgers& Winters, em destaque no mercado.

 

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