Esses dias, num programa de TV, algumas mães estavam dividindo suas experiências com a plateia. Lógico, um dos temas era a escolha do parto. E todas as vezes que alguma delas dizia que tinha tido parto normal, todos batiam palmas alegremente, em tom de aprovação. Então, uma das participantes disse que tinha feito cesária. Não houve palmas. Na verdade, foi até meio constrangedor. A plateia a observava com um olhar de condenação como se esse tipo de parto a tornasse “menos mãe”. À partir de então, todas as vezes que uma das mães tinham que “confessar” suas cesárias, o faziam de forma tímida, como se estivessem confessando um crime ou algo assim.

Hoje em dia, vivemos uma época em que pessoas não têm apenas “aquela opinião formada sobre tudo”. Vivemos uma época de militância. E esse militância é, muitas vezes, bastante hostil, muito agressiva! Você mesmo já deve ter observado – e até participado – de algumas discussões em redes sociais sobre temas como Ciclofaixas, Eleições, Corrupção, Feminismo, Homofobia… não seria diferente com o tema parto.

Eu estou, hoje, completando 40 semanas da minha gestação e quero, sim, tentar um parto normal. Mesmo depois do dia 19, minha médica e eu aguardaremos o momento em que o Nenezinho desejar chegar nesse mundo (chamo de nenezinho pois o sexo do bebê ainda é uma surpresa pra mim; marido e eu optamos por manter esse suspense).

Mas no auge dos meus quase 38 anos – estou achando que o nenezinho virá exatamente no dia do meu aniversário, dia 22 de maio – eu acho que tenho maturidade para não ter construído um “castelo” que poderá desmoronar no dia que promete ser um dos mais lindos da minha vida: o dia em que o nenezinho chegará! Tentaremos o parto normal, num hospital, enquanto for possível. E se não for, uma cicatriz a mais no meu corpo não me fará mal algum… nem para minha aparência, nem para minha auto-estima, nem para a minha opinião do que define uma “boa mãe”.

O fato é que, muitas vezes, vejo algumas militantes do parto normal falando com pesar sobre o dia do nascimento de seus filhos. Dando um milhão de desculpas por não ter conseguido seguir com seu Plano até o fim pois o bebê não encaixou ou porque houve alguma complicação de última hora. No lugar do “Nasceu, estamos felizes”, vc lê um “Nasceu… tentamos, MAS ele não encaixou… e na última hora fizemos cesária, MAS tentamos muito”.

Esse “MAS” é quase um pedido de desculpas, uma justificativa para esse ato tão cruel! Mas desde quando um procedimento cirúrgico necessário para trazer uma criança ao mundo começou a ser considerado cruel?

Veja, a família dos meus pais é muito simples… minha avó paterna, por exemplo, teve 20 gestações! 20! É, naquela época, não tinha televisão e se casava muito cedo… Mas apenas 12 crianças “vingaram”. Por isso evoluímos. Para que esse índice de crianças que “vingam” fosse maior que esses quase 50% da época da minha avó.

Vivemos, sim, uma época de excessos de cesárias desnecessárias. Algumas apenas pelo luxo absurdo de poder escolher o signo da criança, não importando se o bebê está realmente pronto para nascer ou não. Algumas escolhem a Cesária por motivos ainda mais egoístas, sem pensar de forma alguma na saúde da criança. Outras, porém, fazem suas escolhas por medo do parto normal. E quem vai condenar essas mulheres por sentir medo? Se eu posso ter medo de Dentistas, por que uma mulher não pode ter medo do Parto Normal?

Enfim, a mensagem que realmente gostaria de deixar é que o que te faz uma mãe de verdade não é a escolha do parto. Até porque o tipo de parto que vc vai ter depende muito mais do seu bebê do que do seu sonho!

O que te faz uma boa mãe foi o jeito que vc pensou sua alimentação e estilo de vida enquanto esse bebê ainda se formava dentro de você. Esses 9 meses em que vc optou – ou não – por uma vida mais saudável farão a diferença na vida adulta desse ser que vc está gerando!

E mais ainda: o que te faz uma boa mãe é a forma que você vai educar esse bebê para que ele cresça um adulto responsável, bacana, feliz, que vai fazer a diferença no mundo.
O parto é apenas um jeito de chegar à praia. Não importa se pela Anchieta ou pela Imigrantes… o importante é chegar bem.

No mais, #todobebetemumplano. Então, prepare-se para o parto que seu bebê escolher.

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