Essa semana aconteceu aqui em SP o youPIX, evento que reúne o pessoal da internet em um espaço interativo para discutir sobre o mercado, se divertir e encontrar gente que fala a sua língua internetês.

Eu, junto com a Alyce Takai (Fashion Marketing da Alcaçuz) e a Paula Bastos (jornalista, colaboradora da Revista TPM e dona do blog Grandes Mulheres) participamos de um dos Hubs do evento para falar de Blogs e a democratização de moda – só que ao contrário.

São mais de 1000 blogs surgindo todo dia, e a moda é o assunto que querem abordar com mais afinco. Quem não gosta de compartilhar uma dica com as amigas de produtos ou lugares para visitar? Com a internet e os blogs isso se tornou uma atividade fácil e que tal crescimento, virou uma atividade rentável.
E como ficou fácil acessar qualquer coisa nessa internet né gente? Um dos pontos que levantamos foi que democratizaram o acesso a informação, mas será que a informação de moda está sendo disseminada da forma correta?
Uma das conclusões que chegamos é que estamos usando formatos velhos e ultrapassados para falar com o mercado digital. No século XX os costureiros ditavam a moda, depois vieram os estilistas e a grande imprensa. Acreditamos que tentar ditar algo que “tem que ter” não é o caminho para os blogs que falam principalmente do lado pessoal de cada um.

Imaginem 1000 pessoas ditando 1000 caminhos diferentes? É impossível seguir. Agora imagine as mesmas 1000 pessoas compartilhando as suas experiências, erros e acertos de quem vive moda na vida real? Percebe como o caminho fica mais claro?

Com o aumento de acessos que a internet conquistou, a publicidade direcionou os olhos para ela, mas não a verba. O que nós precisamos fazer para mostrar ao mercado da publicidade que temos mais que audiência? Que temos potencial de disseminar uma informação sobre marca ou produto a grupos menores e que esperam nossa opinião honesta sobre o que compartilhamos? Nesse momento do debate chegamos no ponto que a verba exista, mas está mal distribuida. Diferente da mídia tradicional onde direcionar toda a publicidade no intervalo da novela das 8 fazia todo sentido na década de 90, na internet, ela precisa ser descentralizada e focada não apenas em blogs ou sites, mas em hubs sociais, pessoas que circulam e tem grande influência no círculo social que vivem.

E como estamos falando de dinheiro: Até onde os posts patrocinados alertam sobre produtos bacanas de se ter e influenciam de forma consciente o consumo? Não há  um consumo desenfreado em virtude da disseminação do “tem que ter”? E mais uma vez chegamos na conclusão que o formato “ditador” de moda não é adequado para os blogs. Enquanto formadores de opinião,  devemos esclarecer, informar e estimular o consumo consciente, principalmente em tempos de Rio+20 e pessoas pensando em responsabilidade social.

Um questionamento polêmico foi: As blogueiras de moda colaboram mesmo para uma moda mais democrática?

Considerando que as leitoras são dos mais diversos biotipos, pouquíssimas blogueiras se preocupam em oferecer informação ou mostrar exemplos de como se vestir para corpos mais voluptuosos, por exemplo. Nisso, demos exemplos como a  Lia do Just Lia que aborda esse tipo de caminho democrático, porque tem essa preocupação de dar dicas para todas as idades, classes sociais e tamanhos.

Mas as fórmulas prontas não existem só nos blogs. O mercado de moda está se desenvolvendo lentamente na internet nos mesmos moldes já usados. Um caso citado no painel, foi o lançamento da parceria com Stella McCartney para C&A onde abriram  pré-venda para blogueiras esgotando boa parte da coleção. O consumidor que não teria acesso à produtos da estilista sem a parceria, ficou com grades furadas e sem poder comprar os produtos. Esse caminho de parceria tinha tudo para ser um formato de democratização, mas usado dentro dos antigos moldes do marketing, restringiu mais ainda o acesso aos produtos.
Ter duas pessoas tão inteligentes e queridas ao meu lado como a Alyce e a Paula nesse debate, fortaleceu mais o discurso que a famosa democratização da moda está acontecendo por meios conhecidos, o que está tornando o acesso ao conteúdo de moda um cercadinho imaginário de uma pseudo-moda alimentada de restos.
Vamos trabalhar para democratizar a moda como deve ser: Com tentativas, erros, acertos e troca de experiências de quem vive moda na vida real.

O que você acha? Deixe seu comentário =)

4 thoughts on “youPIX – A Democratização de moda só que ao contrário

  1. Talita Souza says:

    Vou te contar uma história, Passa: uma amiga da minha mãe se casou com um diplomata brasileiro, se mudou para a Áustria e começou a fazer amigas por lá. Depois de um ano e meio, ela voltou ao Brasil para visitar a família. Ela falou que, a despeito das diferenças geográficas, culturais, socioeconômicas, etc, o principal motivo de ela se sentir muito bem lá é que as pessoas não competem tanto umas com as outras como aqui no Brasil. Parece que lá não tem essa coisa do meu carro ser melhor que o seu, a minha casa ser melhor que a sua, as minhas roupas serem mais bonitas e caras que a sua, sabe?
    E eu vejo que é bem isso que acontece por aqui mesmo e, quando a gente fala de blog de moda (das It Girls) isso fica ainda mais evidente! Elas vendem uma mentira? Pelo visto sim. Eu acho que, a partir do momento em que alguém fala pra você que você tem que consumir essa ou aquela marca, que você tem que usar essa ou aquela roupa, você acaba criando padrões, certo? E o que acontece? Elas ficam todas iguais: loirinhas, de cabelo liso, altas, magras, sem personalidade e com o mesmo estilo. Viram bonecas e se distanciam ainda mais do real. E o que acontece com o resto? Fica jogado num cantinho segurando a plaquinha do “Nunca serão”. Nunca serão? Nunca serão padronizadas, né? Nunca serão fantoches da indústria. Nunca serão barbies, serão únicas, com o estilo que escolherem, ignorando solenemente a saia mullet! haha

  2. camila vieira says:

    Eu concordo com o comentário da Talita essas coisas tem que mudar por que todos nós temos uma forma de beleza e essa padronização já ta um pouco ultrapassada, acho que temos que começar a nos conscientizar e nos amar do jeito que somos com nossos próprios estilos e personalidades.

  3. Agatha Santos says:

    É uma pena que não tem vídeo sobre o esse debate. É um assunto muito interessante. Eu estou fazendo um projeto sobre blogueiras e gostaria de entrar em contato com o pessoal do Plano Feminino. Será que alguém poderia me mandar um email, respondendo meu pedido? Estou muito interessada en saber sobre o que mais foi conversado no dia.

    Obrigada!
    Agatha.

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