Mesmo após anos de desenvolvimento da sociedade, o sexo feminino ainda encontra dificuldades em se estabelecer no mercado de trabalho em certas áreas.
Na Frateschi Trens Elétricos, de Ribeirão Preto, empresa que produz réplicas de locomotivas nacionais há 48 anos, as mulheres representam 38% dos colaboradores.
Segundo o diretor executivo da Frateschi Trens Elétricos, Lucas Frateschi, as mulheres são abertas as mais diversas atividades. “Elas são versáteis em inúmeras áreas da empresa. Estão sempre disponíveis para ajudar, ainda, que em tarefas das quais não estão habituadas. A versatilidade é o grande diferencial. Isso é uma característica que deveria ser observada pelos homens”, explica.
A Frateschi se destaca no Brasil e no exterior pela precisão dos detalhes originais de seus produtos e grande parte dos resultados se deve à dedicação de suas funcionárias durante o processo de montagem. “A feminilidade é fundamental durante a produção pois em um objeto minucioso a confecção requer atenção, paciência, persistência, mãos leves, limpeza, entre outros aspectos. São cuidados que a mulher se preocupa o tempo todo”, exemplifica Frateschi.
O objetivo da Frateschi Trens Elétrico é resgatar valores como a interação familiar por meio do ferreomodelismo, hobby saudável que passa por gerações. Os produtos oferecidos pela empresa, em sua maioria, ou seja, 95%, são voltados ao público masculino. “É um privilégio contar com a mulher como essência na busca e manutenção da qualidade dos nossos itens. Na fábrica elas estão nos setores de montagem, pintura e administrativo”, comenta o diretor.
“Nossos funcionários são contratados pelo seu caráter. Treinamos as habilidades internamente. Temos consciência de que nenhum colaborador vem pronto mas cabe a ele fazer a diferença e conquistar seu espaço mostrando por qual motivo está conosco”, enfatiza Lucas Frateschi.
Um exemplo da vontade de aprender é o da funcionária Edna Stella, 35 anos, auxiliar de montagem. Edna sempre atuou no varejo e nunca pensou como seria conviver com trens elétricos em miniaturas. “Não conhecia a rotina de uma fábrica. Fiquei muito surpresa quando cheguei. Não tinha ideia de como seria reprodução de um vagão ou de uma locomotiva. Agora já estou bem adaptada. A cada dia é uma nova descoberta. O cotidiano com as peças sempre me remete o amor dos ferreomodelistas ao produto que estou finalizando e como ele será utilizado. Tenho sempre isso em mente. Dou asas à imaginação”, comenta.
Sobre o manuseio com as miniaturas Edna explica. “Algumas peças são muito delicadas. Não é que o homem não seja cuidadoso, mas a mulher sabe medir a força que tem nas mãos para encaixar pedacinhos pequenos sem quebrar ou para fazer um retoque com delicadeza. Ser mulher no processo de montagem é um diferencial”.
“Muitas vezes pegamos as peças e as finalizamos tirando o excesso de material, passamos cola e fazemos retoque com tinta. É maravilhoso ver o resultado final”, empolga-se.
O mundo dos trens elétricos na vida de Edna não fica só no trabalho. “Quando chego em casa meu filho de três anos já me questiona sobre a minha rotina na fabricação das miniaturas. Adoro explicar o que faço para meus familiares e amigos. Eles acham que é outro mundo, totalmente diferente do que vivem. Explico o dia a dia e eles se encantam”.
“É muito bom fazer parte de uma empresa que valoriza o trabalho feminino. Acho fundamental a mulher estar no processo de produção. O relacionamento entre a equipe é tranquilo. Durante o nosso expediente somos muito focados, todos. O respeito dos homens é muito bacana”, finaliza Edna.