Lutar contra o machismo não é fácil, a gente sabe. Mas podemos aproveitar as mulheres que estão ocupando hoje os cargos de liderança para começar a desarmar essa estrutura e acabar com esse machismo que ainda ocupa grande parte das empresas. Sofia Esteves, fundadora e presidente do conselho do Grupo Cia de Talentos, empresa de recursos humanos responsável por recrutar funcionários das maiores empresas da América Latina, além de professora de MBA em RH na Fundação Getulio Vargas (FGV), concorda com isto e ainda completa: “A mulher tem que romper essa mentalidade preconcebida. Há um trabalho a fazer de conquista de espaço. Tem que saber lidar não de um jeito ofensivo, mas que, com naturalidade, mude o status quo de muitos anos.”

Segundo Sofia, empresas que apostam na diversidade se tornam mais produtivas, porque são capazes de trazer para a empresa novos olhares. Normalmente, onde há liderança feminina, existe um espaço maior para troca, com informações ditas de forma clara, ambiente acolhedor e menos rigidez em sua estrutura. Claro que não dá para generalizar, há homens também com esse perfil, mas esta é uma percepção clara que quando há mulheres na liderança de equipes.

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Sofia Esteves,  fundadora e presidente do conselho do Grupo Cia de Talentos.

 

Sabemos também que, durante muito tempo, as mulheres adotavam postura mais rígidas e assertivas, características normalmente associada a homens, para serem aceitas e respeitadas no local de trabalho e hoje, vemos que isso diminui cada vez mais, apesar de ainda acontecer. Mas, as mulheres têm conseguido se impor e mostrar que são profissionais tão qualificadas quanto qualquer homem e devem ser respeitadas pela posição que ocupam, e não pelo sexo.

“O mundo está mudando, hoje se enxerga muito mais claramente a beleza e a importância da diversidade no mundo do trabalho. Não há espaço para esse tipo de mentalidade em que você tem que forjar a personalidade para ser aceito”, completa Sofia.

Um desafio para as mulheres líderes é romper com essa mentalidade machista e acabar com qualquer preconceito, apostando sempre na diversidade. Ainda há muito espaço para serem ocupados pelas mulheres e é assim que será possível mudar esta realidade. Sofia concorda que esta não é uma tarefa fácil, mas claro que é mais que possível: “Muitas vezes, ela vai encontrar comentários inadequados. Em vez de se ofender com isso, tem que gerar atitude positiva para que isso não ocorra mais. Tem que contra-argumentar, não dizer que ouviu isso só por ser mulher, mas ir para o embate e trazer um novo olhar.”

 

 

Para as mulheres que estão envolvidas com a carreira e com a família, Sofia Esteves dá uma dica que pode ser essencial pra que a mulher saiba exatamente como agir: “A mulher acaba acumulando, mas deve ter senso de administrar o tempo. Tive dois filhos, já com a minha empresa, e precisei aprender como todo mundo. Independentemente de ser mãe ou não, os clientes e os funcionários tinham expectativa sobre mim, e eu queria dar resultados. Você tem que ver o momento em que você está, o número de filhos, se a carreira é importante, enfim, a vida que você quer ter. E deve chamar os interlocutores para participar desse processo, como o marido, por exemplo. Em alguns momentos, você tem que dar mais atenção para o filho. Em outras, para a carreira.”

Sobre equidade no ambiente de trabalho, a especialista diz como proceder se tiver um homem ocupando o mesmo cargo e ganhando um salário maior: “Você primeiro vai entender se as funções e responsabilidades são realmente iguais às suas. Se forem exatamente a mesma coisa, tem que procurar o chefe e entender, de forma respeitosa, por que isso acontece. Se ele entende que o colega entrega mais valor, o que preciso entregar melhor para ter o salário equiparado? Se entregamos o mesmo, temos que ganhar igual.”

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