Em pleno século XXI, onde homens e mulheres dividem espaço no trabalho, no transporte e também na internet, é triste constatar que a questão do assédio ainda é um tema a ser debatido – e combatido.
De cantadas até abordagens físicas, o assédio cria um ambiente invasivo e assustador para as mulheres, constrangidas por desconhecidos em locais que deveriam ser livres e igualitários. Ser abordada, seguida, tocada sem permissão pode ser uma das piores experiências que uma mulher pode enfrentar, mas muitos ainda enxergam como “galanteio inofensivo”.
No Brasil, os números são alarmantes: segundo a pesquisa “Chega de Fiu Fiu”, de 7.762 mulheres pesquisadas, 99,6% delas afirmaram já ter sofrido algum tipo de assédio em locais públicos. Dessas, 98% foram assediadas na rua, 64% no transporte público e 80% em shoppings, parques, cinemas..
Campanhas demonstram que não podemos ficar calados contra o abuso sexual
E se você acha que isso é coisa de país “atrasado”, a campanha lançada este mês pelo metrô de Londres prova que a questão não conhece fronteiras. Chamada de “Report it to Stop it” (Denuncie para parar), a ação traz um vídeo chocante, onde vemos uma mulher ser assediada no vagão do metrô, com um crescente mal-estar, enquanto o vídeo pergunta “e agora, você denunciaria?”. A falta de ação faz o assédio se tornar mais ostensivo e agressivo.
Pesquisa da Transport for London mostrava que 90% do assédio em transporte público de Londres não era denunciado, sendo que um terço das londrinas dizem já terem sido assediadas no transporte. Destas, 19% afirmam que o assédio se transformou em abuso físico. Após a campanha, as denúncias aumentaram 30%.
Essa ação também quer mostrar que não é apenas a vítima que pode denunciar. Qualquer testemunha pode fazer isso e impedir que essas situações aconteçam. Tanto que esse é o enfoque escolhido pela campanha “Who will you help?”, da província de Ontário, no Canadá. Nela, agressores no meio do ato agradecem o público por não denunciar ou não impedir. O silêncio e a cumplicidade de quem vê é o maior trunfo de um agressor.