Antes de inaugurar o DETRICH, eu fiz uma viagem pela Europa para me inspirar. A ideia era visitar um salão em cada cidadezinha por onde passasse e também, buscar referências de decoração e beleza. Berlim foi o lugar onde mais me surpreendi. Logo no primeiro dia, na fila do supermercado, percebi que estava logo atrás de uma senhora com cabelo rosa. Minha cabeça automaticamente pensou “nossa, que velhinha ousada”, mas com um certo tom de reprovação, eu confesso. Na saída, outra senhora. Dessa vez, seus fios brancos tinham mechas verdes. Verdes! Poucos minutos depois, vi uma jovem bonita com os cabelos longos escuros e só com as pontas pintadas de azul.
A cada esquina, uma surpresa mais colorida. E de repente, no segundo dia, as cores se tornaram mais naturais pra mim e eu pude concluir: eu tinha pré-estabelecido em minha cabeça um padrão de cores de cabelo que não poderia ser quebrado. Mas por que não? Por que é diferente? Por que as pessoas vão notar? Por que o namorado não vai aprovar? Por quê, por quê, por quê?
Na última semana tivemos um prazer enorme no DETRICH de pintar o cabelo da Passa de lilás. Ela ficou linda, moderna! E o que mais gostei foi observar a reação das pessoas na rua – enquanto estávamos fotografando – e também das clientes que estavam na casa. Susto, curiosidade, admiração, um pouco de tudo. É só uma nova cor de cabelo que, assim como o esmalte, pode ser trocada se vc enjoar ou não estiver mais curtindo. Não é?
Na verdade, a conclusão que cheguei é que nós, brasileiras, somos muito conservadoras quando se trata de beleza. Somos morenas e loiras e geralmente temos o cabelo longo. E ponto. Não nos permitimos a diversão da mudança. Não seremos aceitas por amigas, namorado, marido, etc. Limitamos nossa criatividade e ousadia aos limites do que é considerado “normal” e assim, seguimos “dentro do vidrinho”. E para isso, acabamos deixando de lado nossa liberdade de ser quem gostaríamos de ser. Quebre essas correntes agora! Olhe-se no espelho e defina o que você quer ver. Se jogue, seja livre. Independente dos que os outros vão pensar.