A esperança e a alegria me invadiram logo cedo. Eu vou te ver, eu vou finalmente te sentir e não vai ter mais nada nos separando, nada nos deixando longe. Pela primeira vez desde que nos apaixonamos vou poder me sentir completa, inteira e não pela metade, como muitas vezes acabo me sentindo. Tenho seu amor, isso me basta para conseguir ter uma vida feliz, mas sem sua presença é uma vida incompleta. E a felicidade me invadiu como se sempre estivera ali, como se sempre tivesse feito parte de mim.
O nervosismo inexplicável, que parece aumentar a distância para chegar até você. Quase não vejo o caminho, só penso em ti, só quero você, só quero te ver. As paisagens, os carros, as pessoas passam ao meu lado, quase não as enxergo, quase não percebo. Só penso em você. Cheguei. Eu estou aqui, mas cadê você? Onde está o meu amor?
Os minutos passam avassaladores em minha direção. Minha cabeça começa a girar e meus olhos a perder o foco. Eu me isolo, não quero ninguém perto de mim nesse momento. Tenho a sensação de que todos sabem que você deveria estar aqui, comigo. Que não era para eu estar sozinha, que esse espaço ao meu lado deveria estar ocupado e dói. Eu vago sem saber onde ir, sem ter vontade de ir a lugar nenhum. Mas mesmo assim eu vou. Vou onde deveríamos ir. Eu vou onde nós deveríamos estar. E dói.
Sua ausência não comunicada é como se você dissesse que não significo nada para você, é como se jogasse na minha cara que tudo o que me disse até hoje é mentira, é falso e que eu fui uma idiota, uma tola, uma inocente em acreditar em suas palavras, suas juras. E eu volto para a cama. Chove lá fora. É como se o tempo soubesse o que se passa aqui dentro. É como se a natureza chorasse por mim, o que segurei o dia todo.
O corpo já não tem vontade de nada, só de sumir no colchão, se afundar na insignificância, se perder nesse buraco negro que se abriu sob mim. E não há uma corda ao menos para me segurar. Deve ser assim, então, que é o sentimento da solidão… Como a chuva que despenca do céu, as lágrimas escorrem em meu rosto. Incessantes, incômodas, doloridas e intermináveis… Assim eu durmo.
O dia amanhece cinza, as nuvens cobrem o sol, meus olhos ainda inchados e minha boca amarga, como fel. Não há mais sentido nenhum estar ali sem você. Não faz sentido esperar por você. Vou embora. Minha casa, minha cama, meu travesseiro. Eles serão capazes de entender, de compreender minha dor. Dirijo sem saber para onde estou indo. Tento manter o foco na estrada, mas meus pensamentos viajam para você.
Quero saber o que aconteceu, por que brincou com meus sentimentos assim? Como pode ser tão cruel comigo? O que fiz para merecer tanto desprezo, tanta dor? As respostas não vêm, mas eu vou. Eu continuo indo, assim como a vida vai continuar. Não haverá uma resposta satisfatória. Nada vai apagar o medo, a dor, a decepção. Ninguém vai curar os sentimentos que surgiram em meu peito naquele dia.
A marca está aqui, a cicatriz de uma dor imensa, que não pode ser curada, só remediada. Não me lamento