A semana mal chegou na metade e já vimos tantos absurdos acontecerem e que ferem as mulheres. Especialmente as mulheres negras, que costumam ser as maiores vítimas de todos os tipos de violência.

Pra começar, tivemos o caso do cantor e ator Thiago Martins, que estava há seis meses no comando como vocalista do grupo de pagode Sorriso Maroto por conta de problemas de saúde do vocalista oficial, Bruno Cardoso.

Pois bem. No último sábado, dia 08, foi sua última apresentação com o grupo, já que Bruno está de volta aos palcos. Mas aí ele decidiu assediar uma mulher durante a apresentação.

Enquanto cantava, ele tentou chamar a atenção de uma mulher que fazia a segurança do evento e estava de costas para o palco. Como protocolo, sabemos que os seguranças não devem tirar a atenção de suas funções.

Thiago mexeu com a mulher mas, como ela não lhe deu atenção, reclamou: “Nem uma olhadinha pra gente?”, Bruno o interrompeu e disse que ela estava ali a trabalho. Momentos depois, Thiago voltou até a segurança, mexeu em seus cabelos, ombros, e depois segura seu rosto para que ela se vire e olhe pra ele, que foi mais uma vez interrompido pelo vocalista Bruno, dizendo que ela estava trabalhando.

Tudo isso sem que ela sequer se mexesse ou esboçasse qualquer tipo de vontade de fazer aquilo, afinal, ela estava em seu local de trabalho. Um claro caso de assédio que ele, justificou como uma brincadeira, como já é nosso costume ver essa justificativa por aí.

 

https://www.facebook.com/FcUnidasPeloSorriso/posts/725572047780720

 

Nesta segunda-feira, dia 10, tivemos a infelicidade de acompanhar a advogada Valéria Lúcia dos Santos sendo algemada e arrastada por policiais, um sinal de violência extrema com uma profissional que estava apenas exercendo o direito de sua profissão.

Em uma audiência, Valéria se negou a sair da sala de audiência porque queria rever um processo e a juíza deu a audiência por encerrada, sem que a advogada pudesse exercer seu direito de contestação e, por isso, foi colocada pra fora da sala em uma situação de extrema humilhação contra uma mulher que apenas estava fazendo valer seus direitos como profissional.

“A causa era sobre uma cobrança indevida. Como não houve acordo, eu teria, como advogada, que ver a contestação da ré. A juíza negou, então saí da sala em busca de um delegado de prerrogativas da OAB-RJ. Quando voltei, ela comunicou que a audiência havia sido encerrada. Por isso minha resistência em permanecer na sala, para que o delegado visse as violações que estavam ocorrendo. É meu direito como advogada impugnar documentos”, declarou Valéria após o ocorrido.

Ela foi levada para a 59ª DP (Caxias) e liberada após intervenção da OAB-RJ. Para o presidente da Comissão de Prerrogativas da Ordem, Luciano Bandeira, a prisão foi ‘inconcebível’.

 

 

“Isso é algo que não ocorria nem na ditadura militar: uma advogada no exercício da profissão presa e algemada dentro de uma sala de audiência. É uma afronta ao Estado de Direito, à advocacia brasileira e ao direito de defesa”.

 

A Ordem representou junto ao Tribunal de Justiça contra a juíza, exigindo seu imediato afastamento das funções, e também encaminhou o caso ao Tribunal de Ética e Disciplina da OAB, para avaliação. Será feita, ainda, uma representação contra os PMs, pela prisão e uso de algemas. Além disso, a Ordem tomará medidas civis e criminais para que Valéria seja ressarcida pelos eventuais danos.

 

“Sempre que falamos em racismo, dizem que é vitimismo. O que aconteceu naquela situação foi uma violação à minha dignidade como pessoa humana, não apenas como mulher negra”, completou Valéria.

 

 

https://www.youtube.com/watch?v=EuGKUiT19Vc

 

É triste ver essas cenas, mas a verdade é que não podemos nos calar diante dos fatos e devemos, sim, soltar a nossa voz e mostrar que ninguém pode assediar ou agir com violência contra alguém que está exercendo o seu trabalho. Isso não pode ficar impune.

Falaremos sobre isso quantas vezes forem necessárias até que todas pessoas sejam respeitadas. Nós, mulheres, também nos sentimos ofendidas com essa situação.

Abuso de poder, assédio, violência… nada disso vai passar diante dos nossos olhos sem que façamos algo. Mulheres, vamos falar, vamos denunciar, vamos nos movimentar pra não permitir que isso aconteça com mais nenhuma de nós.

E só conseguiremos fazer isso JUNTAS!

 

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