Andrea sempre teve como foco na sua vida ter um trabalho de excelência, independentemente de qual fosse sua posição: “Eu queria fazer o melhor onde quer que estivesse, o que foi gerando convites para assumir posições mais desafiadoras”, completa a executiva.
Na Procter & Gamble Andrea assumiu seu primeiro cargo de liderança como gerente de marca e diz que já tinha deixado bem claro para seu chefe que queria seguir carreira executiva. “Não esperei que fosse natural, deixei claro que era uma intenção minha”.
Depois, ficou 15 anos na PepsiCo, onde passou por várias áreas como gerente geral. Hoje é Vice-Presidente de Marketing da Natura e diz estar muito feliz por trabalhar em uma empresa com pautas voltadas para a diversidade e o protagonismo feminino.
Quando falamos sobre ela ter sentido resistência ou não no mercado de trabalho por ser mulher, ela diz que na época em que estava crescendo profissionalmente não tinha percebido essa situação, mas que hoje vê de uma forma diferente. “Não costumava achar que o fato de eu ser mulher fosse relevante, mas sim ser competente. Agora, olhando para trás, depois de ter estudado sobre empoderamento feminino, percebo que o estereótipo do que mulher pode ou não pode assumir acabou me afetando um pouco. Mas eu não me deixava incomodar, ia lá e deixava claro o que eu queria naquele momento.”
Andrea também diz que durante sua trajetória, pôde contar com profissionais que a ajudaram em diversos momentos: “Quando me tornei presidente de bebidas da Pepsico no Brasil, passávamos por um ano bem difícil e desafiador. Depois do primeiro semestre, estava exausta. Falei para meu chefe, Vasco Luce, que precisava tirar uma semana de folga, porque estava sentindo meu nível de energia lá embaixo. Então ele me disse: ‘Que bom que você veio falar comigo, se não eu que ia te pedir para tirar essa folga. Você é pequenininha, mas quando fala na frente de várias pessoas, parece enorme, uma gigante. Porém, realmente você parece estar com o nível de energia baixo, porque você está parecendo pequena, e, na posição que você ocupa, você não pode ficar pequena.’ Aquilo me marcou muito, porque, de fato, para que a gente lidere direito, a gente precisa estar bem. Outra vez, um amigo que era meu mentor viu que eu cheguei esbaforida em uma reunião e me disse que eu podia correr até a porta do escritório, mas precisava diminuir o ritmo e assumir uma postura a partir dali, porque, como líder, preciso mostrar que estou no controle. Além disso, por estar em uma posição elevada na empresa, ele me lembrou que está todo mundo prestando atenção em cada detalhe do que eu faço e, por isso, eu precisava assumir a liturgia do cargo.”
Para as mulheres que têm um plano e não sabem por onde começar a realizá-lo, Andrea dá uma dica: “Essa é uma regra a se dar valor: acreditar no próprio potencial. Uma mentora uma vez me disse, após consultá-la sobre uma proposta de trabalho que eu havia recebido: ‘um homem na sua posição já teria pedido o dobro do salário. Se dê o valor, você é muito boa, pode exigir mais.‘ Também foi importante ter ouvido isso cedo. Sugiro também investir em duas habilidades ou qualidades que podem ser desenvolvidas e são fundamentais para se ter sucesso no mundo de amanhã: a curiosidade e a empatia. Ser curiosa leva a conhecer coisas além do nosso dia a dia. Não sabemos quando usaremos esse repertório, mas em algum momento será útil. E ser capaz de se colocar no lugar do outro é fundamental para um mundo cada vez mais conectado. Pena que as pessoas não têm usado essa ferramenta.”
Não é novidade que as mulheres mães encontram grandes desafios pra conciliar a rotina com a profissão e que as empresas devem fazer parte deste momento importante para que a mulher se sinta à vontade dentro da empresa: “O desafio de querer ser uma boa mãe muitas vezes faz com que elas desistam da profissão. Algumas encaram a gravidez como uma barreira, mas eu tenho três filhos e eles nunca foram limitantes. Pelo contrário, fui promovida na Procter & Gamble logo após voltar da minha segunda gravidez. Acho que o fato de trabalhar em empresas que tinham essa agenda de diversidade me ajudou. Aqui na Natura, tentamos apoiar as nossas colaboradoras oferecendo licença-maternidade estendida, auxílio-creche e creche dentro da empresa. Pensamos na mulher que está retornando para que ela se sinta acolhida e tenha espaço para ampliar seu potencial.”
É fato que a marca tem uma grande preocupação em trabalhar essas questões na companhia e Andrea complementa com as novas ações que estão realizando com foco nas colaboradoras da empresa, para que as mulheres tenham cada vez mais destaque e possam assumir espaços de liderança e crescer profissionalmente: “Assinamos a carta da ONU Mulheres pelo empoderamento feminino. Temos o compromisso de equiparar a remuneração entre homens e mulheres. Também queremos atingir a meta de ter 50% de mulheres em níveis executivos mais altos. Atualmente, estamos em 31%. Outro ponto importante é ver a questão do entorno, como a relação dos funcionários com a paternidade, para ajudar a ampliar o protagonismo feminino sem que a família fique de lado, reforçando os novos papéis de homens e mulheres na sociedade.”
Sobre seus planos, Andrea diz que espera continuar enfrentando desafios no trabalho, porque isso a fez crescer cada vez mais como profissional: “Sair de um lugar intelectual e aterrissar em algo concreto é o grande desafio de hoje, porque sonhos todos temos. Conseguir mobilizar recursos diversos, cada vez mais amplos e complexos, para capturar uma ideia, traduzi-la em algo que se pega e depois ainda colocar isso na mão de uma rede de consultoras que, ao venderem o produto também se reconhecem e se empoderam, é fazer a diferença.”
E aí, gostou de conhecer um pouco mais sobre a Andrea? Agora, se você tem um plano incrível ou conhece uma mulher inspiradora e quer contar a história dela, é só mandar pra gente por e-mail no [email protected] que logo essa história pode ser contada aqui!