O preconceito mata! De acordo com o Atlas da Violência 2017, a população negra corresponde a maioria (78,9%) dos 10% dos indivíduos com mais chances de serem vítimas de homicídios. Aí entra, além do preconceito racial, o religioso também. Segundo dados da Secretaria Especial dos Direitos Humanos baseados no Disque 100, entre 2011 e 2017, houve 1988 denúncias de intolerância religiosa. Quando juntamos os dois, vira uma bomba relógio, porque ainda há muita gente que te julga pela cor da sua pele e pela religião que segue, pelas suas crenças.

Nesta semana, a atriz Dani Ornellas, que interpreta a Mãe Simone de Oxum na novela Malhação, passou por preconceito racial e intolerância religiosa. Enquanto ela estava em casa, ensinando ao filho Moreno, de 7 anos, uma prece do orixá Xangô, que faz parte das religiões de origem africana, foi atacada com palavras ofensivas pela proprietária da casa onde mora, na Zona Sul do Rio.

“Ela estava fazendo uma reforma na casa de baixo da minha e começou a gritar com o pedreiro, dizendo que música de preto macumbeiro não podia tocar ali. Fiquei tão indignada que fui falar com ela, com o gravador em mãos, para registrar aquele absurdo. Ela repetiu. E eu disse ‘Engraçado que o dinheiro de ‘preto macumbeiro’ que paga seu aluguel há 10 anos, você aceita, né?'”.

 

 

 

A atriz, que estuda temas como filosofia e pedagogia africanas, resolveu denunciar a mulher que a ofendeu, inclusive outras vezes antes dessa, para mostrar o quanto é importante mostrar que todo mundo tem voz, o direito de se defender e ser respeitado pelo que é, pela sua cor de pele, pela sua crença. Na delegacia, fez um B.O. por racismo e intolerância religiosa. “Quando cheguei à delegacia, por uma triste ironia, a TV do delegado estava ligada na ‘Malhação’. Contei para ele que, na ficção, minha personagem quase foi assassinada por intolerância religiosa, crime que também me levava até ali. Fui tolerante durante muito tempo porque ela é uma pessoa de idade. Mas meu filho começou a chorar com as barbaridades que ela dizia. Gravei tudo e postei nas redes socias. Mas fui orientada pelos meus advogados a tirar”.

Dani, obviamente muito triste com a situação, disse que o que mais a tocou, foi ver que o filho estava vivendo essa situação de preconceito e pensar que isso também vai acontecer com ele no futuro. “O mais duro é ter de explicar para uma criança de 7 anos que esse ódio todo que essa senhora sente é fruto de um racismo histórico, que até hoje não foi resolvido e talvez nunca seja. Tenho certeza de que só fui prontamente atendida na delegacia por ser uma atriz conhecida e estar acompanhada de dois advogados brancos”.

Agora, deixamos aqui os seguintes questionamentos: até quando veremos esse tipo de situação acontecer? Até quando as pessoas se acham no direito de excluir pessoas negras e de religiões afro? Até quando pessoas colocarão em suas propagandas de pasta de dentes, como aconteceu essa semana com Colgate, mostrando apenas pessoas brancas?

Negros produzem, negros consomem, negros têm suas crenças, negros fazem parte de mais de 50% da população brasileira. Até quando tentarão silenciar suas vozes? Não podemos e nem vamos nos calar diante de situações como o racismo ou intolerância religiosa. Continuaremos unindo nossas forças para que isso acabe, de uma vez por todas!

 

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