O caso do goleiro Bruno, que de ídolo do Flamengo passou a suspeito de um crime repleto de detalhes hediondos, serviu para expor polêmicas na aplicação da Lei Maria da Penha, que pune com mais rigor casos de violência doméstica. Que mulheres se encaixam nos critérios estabelecidos pela lei?

Eliza Samudio não teve direito às medidas protetivas porque no caso dela a Justiça entendeu que não havia vínculo familiar. O assunto foi tratado na 11ª Conferência Regional das Mulheres da América Latina e Caribe.
A secretária da Mulher de Maringá, Terezinha Pereira, participou da Conferência, realizada em Brasília. Para a secretária é preciso padronizar o entendimento da lei e capacitar os agentes que atendem a mulher vítima de violência. Nesta rápida entrevista a secretaria fala sobre o papel das mães e da mídia na construção de uma sociedade que preza pela igualdade de gêneros.
A lei Maria da Penha se aplica no caso de Eliza Samudio?  
Sim, no caso da Eliza havia um vínculo que era o filho, ou o suposto filho do goleiro Bruno. Mas o que a gente discutiu lá (na conferência) é o entendimento que é variável. O entendimento do delegado é um, do juiz é outro. É preciso capacitar os agentes envolvidos no atendimento à vítima da violência. E orientar. A vítima não deve fazer apenas um B.O.(boletim de ocorrência) na delegacia, mas representar criminalmente contra o agressor. 
Por que a mulher é vítima de violência apesar de todos os avanços da sociedade nos últimos  séculos?
Na América  Latina a educação das meninas e dos meninos ainda é muito machista. A mulher ainda é vista como objeto. A igualdade de gêneros deve ser levada para a sala de aula. E precisamos trabalhar a mudança de valores das mães na educação dos filhos. E a mídia precisa colaborar. Hoje ela, em muitos casos, faz apologia à violência dando espaço aos agressores para que se expliquem e desqualificando a mulher rotulada quase sempre como a vítima de um amor bandido. Como se ela fosse culpada por se envolver com um bandido e desta forma passa a ser a canalha da história.
Luciana Penã é jornalista e repórter da CBN e contribui para o site Plano Feminino.

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