Tatiana Spitzner tinha 29 anos. Era advogada na cidade de Guarapuava, no Paraná. Uma mulher jovem, bonita, com uma carreira consolidada, casada… mas feliz? As redes sociais mostravam que sim. Bonitas fotos dela com o marido, com quem estava há pelo menos 3 anos, mostravam que eles estavam felizes. Mas não estavam, as redes sociais não mostram tudo, aliás, é algo bem superficial.

Na verdade, Tatiana vivia em um relacionamento abusivo, um relacionamento no qual o marido era ciumento, grosseiro e muitas vezes violento. E Tatiana não conseguia sair dessa relação porque tinha MEDO. Ela não sabia do que ele era capaz. No dia 22 de julho, infelizmente ela teve seu destino traçado pelas mãos dele.

 

 

Tatiana foi agredida, durante muito tempo, pelo marido, na madrugada do dia 22, e não teve a chance de se defender. Tentou sair do carro, mas levou tapas na cara e puxões no cabelo. Ao chegar no condomínio onde moravam, levou chutes, jogada no chão do estacionamento. Ele a obrigou a entrar no elevador, onde Tatiana continuou sendo agredida e, quando as portas do elevador abriu, sem querer sair, ele a forçou.

Já no apartamento dos dois, ela gritou por socorro, mas seus gritos não foram ouvidos, nada foi feito. 15 minutos depois, ela ‘caiu’ do 4º andar. Sua voz foi silenciada. O marido, Luís Felipe Manvalier, desceu, carregou a mulher morta para dentro do elevador, a deixou no apartamento, limpou o sangue de toda a violência que sofreu, pegou o carro e fugiu. Assim, na maior frieza do mundo.

Tatiana foi vítima de violência doméstica por meses. Chegou a confidenciar coisas que sofria a uma amiga e disse que não saia dessa relação porque tinha medo do homem com quem se casou, mas que queria muito se divorciar. Ela não conseguiu sair dessa situação a tempo. Tatiana foi morta por ser mulher. Tatiana foi vítima de feminicídio.

Não nos cabe julgá-la, apenas ela sabia de seus anseios, do que vivia entre quatro paredes, de como viver aquela relação doentia era difícil e dolorosa, que no fim, teve para ela o pior final possível, a sua morte.

A nós, o que nos cabe? Lutar! Lutar para que a violência contra a mulher seja um crime hediondo. Lutar para que as leis do nosso país sejam rígidas com seus agressores, lutar para que as mulheres não tenham medo de denunciar. E elas têm medo! Muito medo!

 

 

Em 2017, 4.473 mulheres foram vítimas de homicídio, dessas, 946 morreram apenas por serem mulheres. Foram vítimas de feminicídio. É disso que as mulheres têm medo. Vejamos um exemplo recente, a funkeira MC Carol denunciou o marido por tentativa de homicídio, dizendo que ele tentou esfaqueá-la. Ela, por sua vez, além de machucados pelo corpo, tinha marcas de cortes nas mãos, na tentativa de se defender de seu agressor, até então, seu marido.

Ele foi preso em flagrante e sua sentença saiu na semana passada, dia 02 de agosto, onde ele foi condenado a 11 meses e 5 dias em regime aberto. Ou seja, a partir dali, ele poderia ser solto a qualquer momento. Diante dessas circunstâncias, diante de mulheres que têm vergonha de ir à delegacia, diante do medo de sofrer as consequências de uma denúncia, diante do medo de não serem ouvidas, diante de leis tão rasas contra a violência, precisamos fazer mais.

Precisamos gritar mais, precisamos exigir mais dos nossos governantes, precisamos ir às ruas, pedir mudança nas leis. Precisamos fazer com que as nossas vozes sejam ouvidas, como o grito de socorro de Tatiana não foi. Não queremos mais sentir a dor de ver mais mulheres sofrendo com a violência ou terem suas vidas perdidas pelas mãos de seus companheiros.

Basta! Não dá mais!

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