Todas as vezes que olho para o relógio e vejo que estou atrasada  para a entrega de um job, compromisso pessoal, salão de beleza , postagem de uma matéria por aqui…me lembro dos relógios derretidos de Salvador Dalí, no quadro “A Persistência da Memória” e de como o tempo escorre pelas nossas mãos e voa . Por isso, em um desses dias surreais, em que me senti uma verdadeira escrava do tempo, de abacaxis para descascar e clientes mal humorados para atender, resolvi que faria tudo diferente e decidi aproveitar cada segundo. Sem estresse, correria e desespero, mas com um pouco de loucura –  parei o tempo.

Desliguei os celulares, sai das redes sociais, desci do salto e escolhi a roupa mais confortável do guarda-roupas. Resolvi que teria um dia inteiro a meu bel prazer. Um dia para me ouvir, para apreciar uma literatura – sem a ânsia de buscar por técnicas ou informações de mercado – um dia para mim. Nas primeiras horas quase não conseguia saber o que fazer. Ficava ansiosa para ler meus e-mails, checar as mensagens nos celulares e redes sociais. Uma abstinência psicótica insistia em não me deixar relaxar – surreal. Mas insisti, porque precisava daquele dia para fazer tudo diferente.  Já eram quase 10 hs da manhã , no meio da semana e lá estava eu, caminhando pelo Parque Central da cidade, observando o tumulto e correria das pessoas no trânsito e em paz por estar do lado de fora daquele cenário.  Observar a correria frenética das pessoas – do lado de fora – é muito excitante. A gente questiona, se compara, vê soluções, aprende.


No dia em que resolvi congelar o tempo, fiz tudo o que geralmente não conseguiria fazer durante uma semana caótica de trânsito e trabalho: caminhei no Parque no meio do dia, descobri um restaurante vegetariano incrível perto dali e experimentei novos sabores, voltei andando para casa, tomei um banho demorado, fiz um chá da tarde, coloquei minha música preferida,  abri meu baú de estimação– que há meses não mexia – para rever fotos de infância, fiz minha receita preferida e dormi. É! Eu que vivo perseguida pela insônia, dormi no meio da tarde…

Congelar o tempo abasteceu minha imaginação e meu coração. Parece idiota, mas não é. Resolvi que sempre congelarei um tempo para mim. Não seja cético e tente fazer este exercício, você vai se surpreender.  A liquidez do tempo muitas vezes enrijece a nossa mente e reduz nossa capacidade de sermos melhores a pó. Por isso,  eu te desafio a tentar. Congele o tempo e mande nele só por um dia, fazendo o que tiver vontade de fazer, sem regras, sem pressões externas. Depois me conta como foi! Agora vai lá e cuide bem do seu tempo, pois, como dizia o poeta, “Não há tempo que volte amor, vamos viver tudo o que há para viver, vamos nos permitir”.

 

 

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