Não sei como é a vida em cidades menores, sempre vivi em São Paulo. Se você fechar os olhos por poucos segundos, e pensar em expressões que são associadas à minha cidade, o que vem à cabeça da maioria das pessoas é: pressa, trabalho, correria, trânsito, sem tempo, trânsito, muita gente, tudo lotado e, claro, trânsito.

Quem vive aqui parece viver à mercê disso tudo e estamos assim, quase sempre com pressa, pra ontem, é urgente, não vai dar tempo. As distâncias são grandes, o transporte público não é lá dos melhores, então acabamos por passar um bom tempo presos no trânsito. Um pingo de chuva toma proporções cataclísmicas e a cidade parece que vai nos engolir – isso quando a sensação não é realmente de já termos sido engolidos por ela.

Não bastasse vivermos consumidas por essa ideia de pressa, de trabalho, de ter uma carreira bem-sucedida, empreender, escrever, manter vida social e familiar; temos ainda as redes sociais que, muitas vezes, servem apenas para ser a cereja no topo do sundae da exaustão. É tanta informação, tantos textos, todos parecem ter opiniões formadas sobre tudo e você ainda nem decidiu se vai cozinhar, se vai sair, se vai ficar deitada no sofá: como ter opinião já formada sobre um fato que aconteceu hoje à tarde? Você estava ocupada, você nem viu.

E é nessas horas, quando minha cabeça está pesando tanto que parece que já está até pendendo pro lado, quando estou a ponto de sair gritando na rua que somos apenas um grão de areia no Universo e nada mais importa, é que eu busco apenas o meu refúgio: minha casa.

relax

Em tempos de vacas magras, não tem muito como se dar ao luxo de um day spa, ou de uma massagem caprichada. Um banho de jacuzzi pode salvar vidas, mas um bom banho quentinho, usando produtos bem cheirosos, já melhora o humor do ser humano em muitos porcentos.

De repente você pode caprichar e antes passar alguma máscara de argila no rosto, hidratar os cabelos, fazer um escalda-pés. Eu amo escalda-pés, coloco umas gotinhas de alfazema pra dar aquela acalmada e fico lá, vovozinha style, com os pés na bacia depois de um dia cansativo. Uma delícia!

“Ah, mas tem a crise hídrica”. Verdade, mas não precisa encher um ofurô pra colocar os pés. Pode ser um pouco d’água mesmo. Não precisa tomar um banho de meia hora. E depois, um pijaminha cheiroso, uma taça de vinho, meu sofá, meu marido e meus gatos. O que eu chamo de combo do aconchego. Respirar fundo todo esse sossego, toda essa paz caseira. Pra mim é uma das melhores coisas da vida.

Seu refúgio pode ser sua cama, a casa de um amigo, um parque. Pode ser com seus cachorros, gatos, periquitos, livros. Mas não tem como negar: nessa vida tão cheia de correria, todo mundo precisa de combo do aconchego.

Em tempos em que a vida parece tanto, a gente precisa tentar relaxar com menos. Com coisas simples.

Qual é o seu combo do aconchego?

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