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Quando a gente nasce menina numa sociedade machista e racista, encontra diversas barreiras para crescer e nos tornar uma mulher empoderada e com propósito. Foi assim comigo. É assim com milhões de mulheres. Tudo porque as pessoas insistem em reproduzir padrões, estereótipos e atitudes que nos fazem entrar em caixinhas e viver sufocadas dentro delas: mulher precisa ser assim.

Mulher precisa ser assado. Bonito é apenas o que a mídia nos impõe e logo, a beleza ariana impera – num país onde 54% das pessoas que vivem nele são negras. E assim, meninas e mulheres que não se encaixam em um estereótipo alto, louro e magro, se tornam invisíveis para si mesmas e para todos à sua volta. Foi assim comigo durante anos.

Na infância eu era a única menina negra da famí­lia – todos os outros tinham pele clara – por conta da miscigenação de raças que existe entre meus antepassados. Me chamavam de “moreninha jambo”. “gabriela cravo e canela”, “indiazinha”… tudo, menos de negra.

Cresci alisando o cabelo cacheado e acreditando que era branca. Buscando na adolescência um corpo sem quadril e fazendo dietas malucas para alcançar o peso das garotas das capas de revistas. Consegui! E com o peso “de modelo”, veio também a anorexia – um distúrbio alimentar que me fez viver por anos me olhando para o espelho e apertando as coxas e cintura, como se aquilo fosse diminuir minhas medidas que sempre foram 38.

Percebe como a imposição de padrões é cruel com cada uma de nós? Como cria a ideia de que sempre precisamos emagrecer, embranquecer e outras demandas que nos entupiram de incertezas a vida toda? Aos 30 anos eu passei a ser lí­der de marketing de uma companhia de saúde e via mulheres buscando ajuda. Lindas, mas inseguras de quem eram no mundo. Todas desapontadas com sua imagem.

Percebi que eu não estava sozinha e que tudo o que me incomodava, também incomodava outras mulheres. Então, o que eu poderia fazer em relação a isso? CORTEI LOGO!

Cortei logo a atitude de achar que não era boa o suficiente. Cortei logo a mania de me autossabotar em frente ao espelho. Cortei logo os pensamentos de que precisava emagrecer. E há alguns meses, cortei logo a ideia de ser escrava da escova e da chapinha para me sentir bonita. Passei a usar meus cabelos cacheados e a me gostar do jeito que eu sou.

 

 

Fazer estes cortes em nossa vida, dói, mas a cicatriz é linda e poderosa – nos lembra de quem somos de verdade e que não precisamos de nada além de gostar de nós mesmas acima de tudo.

Quando a gente se liberta da escravidão de viver o que não somos a vida fica mais leve e feliz!

Nós não nascemos para nos encaixar em padrões que criaram pra gente. Não estamos aqui para sermos rotuladas de nada. Não somos invisíveis. Somos diferentes e é exatamente nesta diferença que está a beleza de tudo.

Com tudo o que tenho aprendido tanto em minha vida profissional, contribuindo para a desconstrução de estereótipos na publicidade com meu trabalho, e na vida pessoal, me descobrindo como mulher negra, deixando de me autossabotar e gostando cada vez mais do que vejo e, frente ao espelho, posso dizer que vale a pena cortarmos logo de nossas vidas toda forma de repressão e opressão.

Vale a pena acreditarmos em nossa essência e defendermos a cada dia nossos planos, saindo da inviabilidade e nos tornando protagonistas de nossas histórias.

 

https://youtu.be/KPsaVbvt0LM

 

 

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