Ser mulher já não é fácil. Todos os dias vivemos uma luta para enfrentar o machismo na rua, no mercado de trabalho e às vezes na própria família. Quando você é uma mulher trans, dá pra imaginar que isso piora muito. Quando você é uma mulher, trans e trabalha na área de TI, ambiente dominado pelo público masculino, imagine que o preconceito piora ainda mais.
Foi o que aconteceu com a desenvolvedora e programadora de TI Evelyn Mendes, de 43 anos. Ela está recebendo ameaças de morte e diversas ofensas por email e também pelas redes sociais. Durante um dos principais eventos de javascript do mundo, o BrasilJS realizado em agosto em Porto Alegre e em setembro em Fortaleza, ela convocou as mulheres para o palco. Ela faz parte de um comitê de diversidade do evento e defende maior participação feminina na área de programação e desenvolvimento de sistemas.
“É um meio dominado por rapazes machistas e misóginos. Mulher que se destaca começa a receber crítica e ofensa. Quando olhei do palco, a plateia só tinha homem branco. Comecei a chamar as mulheres, que foram subindo ao palco, não só desenvolvedoras, mas as que estavam trabalhando na organização do evento”, disse Evelyn.
Logo depois do primeiro evento, ela começou a receber ameaças pela internet com mensagens como “Eu vou te matar”, que era o título de um dos mais de 20 e-mails de ameaças que recebeu, onde também era chamada de aberração. Evelyn fez um boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher em Porto Alegre e o caso deverá ser encaminhado para a área de crimes digitais.
Evelyn acha que os ataques sofridos são não apenas por ser uma mulher trans, mas também por defender uma posição feministas para os profissionais da área de TI. Ela ainda faz parte de um projeto que ajuda mulheres a lidarem com ataques machistas nas redes sociais.
Essa é só uma amostra de coisas que acontecem todos os dias com mulheres, trans, gays… Ainda há muito preconceito e disseminação de ódio e é contra tudo isso que o feminismo luta, é contra isso que todas nós lutamos. Não queremos ser diferentes dos homens ou mais que eles. Queremos apenas direitos iguais e por mais amor e empatia com qualquer ser humano.