Há muito tempo penso sobre o que estou escrevendo aqui, por gostar de observar o comportamento entre mães e filhos – especialmente mulheres multitarefas. Para falar a verdade, desde a infância… 
Minha mãe cantava para eu dormir, em frente a uma máquina de escrever, digitando seus textos, poesias, correções para suas aulas de português…e eu dormia ouvindo a melodia de sua voz e o “tec –tec” de sua máquina de escrever – simultaneamente.  Aqueles sons me eram doces e ao mesmo tempo intrigantes. Por que mamãe fazia aquilo? Por que não podia parar um pouco e se deitar ao meu lado? As vezes eu pensava nisso, mas era muito pequena para prosseguir com o raciocínio, e o  amor e presença tão forte de minha mãe fazia com que tudo parecesse incrível, mesmo ela não se deitando para dormir quando todos o faziam. 

 

Sim, minha mãe era uma workaholic, por isso,  durante muito tempo, nossos poucos momentos juntas eram intensos e proveitosos, cheios de conversas divertidas, desabafos e aprendizados . Acho que era uma forma que ela tinha de compensar sua ausência em alguns momentos importantes, como minha primeira menstruação, por exemplo, mas o fato é que ela sempre conseguia suprir qualquer vazio e se fazia tão presente que dormir ao som do “tec-tec" de sua máquina não me parecia ruim, valia a pena.  Estou escrevendo isso para dizer que tínhamos qualidade em nossos momentos, mas também para falar que a quantidade seria muito importante e que claro, sentia falta disso quando criança.  Me lembro que expressei o que sentia e ela passou a repensar sua agenda e a nos dar mais quantidade além de qualidade – as coisas ficaram ainda melhores entre nós e isso nos fez mais felizes.

 

 


Por isso, pensar que qualidade é melhor que quantidade pode levar muitas mães a darem menos para seus filhos do que realmente poderiam, trocando momentos incríveis por projetos, planilhas e agendas insanas, sem ao menos tentarem equilibrar  tudo isso.


Minha mãe era uma workaholic consciente. Ela sabia de sua importância em nossa educação e estrutura emocional e por isso, muitas vezes, abria mão de sua máquina de escrever e livros para ficar conversando e brincando comigo, mesmo que isso significasse ter de passar a noite em claro para terminar seu trabalho. Esta era sua forma de mostrar o quanto se preocupava e amava a mim, meus dois irmãos  e meu pai . Ela era louca de paixão por seu trabalho, mas sábia o suficiente para equilibrar seus amores e harmonizar tudo em seu dia a dia. Ela  passou a se preocupar não só em nos dar qualidade, mas quant

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *