“As melhores e mais belas coisas do mundo não podem ser vistas nem tocadas, mas o coração as sente.” Helen Keller
Imagine você. Uma garota de 17 anos que frequenta o colégio. Cheia de planos. Eu me lembro quando tinha esta idade. Era pura energia e cheia de planos na cabeça. É a fase onde a gente se conhece, conhece o outro, se descobre pra vida, né? Apesar de que hoje, vinte anos depois, sinto que ainda estou me descobrindo.
Mas voltemos à menina de 17 anos. Linda. E com um diagnóstico que mudaria sua vida de uma vez por todas: esclerose múltipla. Uma doença que a faria perder a visão e talvez a esperança de realizar seus planos. Talvez. Mas isso não aconteceu.
A história da Tatiana Ferreira, 32 anos, me lembrou Helen Keller e sua luta e obstinação em vencer as barreiras da surdez, cegueira e mudez. Ela tinha perdido todos estes sentidos aos nove meses de idade e com a ajuda de outra mulher cega, Anne Sullivan, aprendeu o poder das palavras e se tornou escritora, filósofa e jornalista – sem dúvida, uma das mulheres mais inspiradoras que o mundo pode conhecer.
Guerreira. Determinada. Corajosa.
A Tati não se tornou jornalista, nem escritora. Ela se tornou mãe e esposa. Uma mulher empoderada, feliz e realizada com a maternidade, que chegou aos 23 anos – de seu primeiro bebê. Com a chegada de seu segundo filho, Murilo, se empoderou ainda mais e protagonizou uma das campanhas mais emocionantes da propaganda nos últimos tempos. Quando eu assisti: berrei! Eu queria chorar, rir, pular, abraçar a Tati (ainda quero fazer isso) e comemorar com ela aquele momento tão sensacional (Ainda vale a pena acreditar na publicidade e em seu poder de ser agente de transformação, além da venda de produtos). Beijo, time Huggies! <3
Suspiros. Emoção. Felicidade.
Uma mulher que enxergava tudo como eu e você enxergamos e que depois de ver a vida como ela é, passou a sentir a vida com a alma. Passou a dar ainda mais valor a cada sensação. Estas que ignoramos muitas vezes como o tato, um som de passarinho em meio ao caos do trânsito, a respiração da pessoa amada. Ela passou a viver sentindo a vida. E num dia em que foi realizar a ultrassom de seu segundo bebê – fico imaginando a ansiedade da Tati por saber que dependeria da criatividade e disposição do seu médico para contar em detalhes como era e estava sua cria em seu ventre – se surpreendeu! Ao invés dos relatos de seu médico, sentiu na ponta dos dedos o rostinho de seu filho, por meio de uma réplica feita com impressora 3D. Ela podia sentir cada detalhe: narizinho, testa, boquinha. EMOÇÃO!
MA.RA.VI.LHO.SO, né?
Enquanto eu entrevistava a Tati por telefone – para escrever este texto aqui – e ouvia sua voz vibrante e feliz, me contando sobre seus planos de adolescente de ser atriz, sobre as peças de teatro amador que fez…sobre sua paixão por dança e as aulas de zumba que frequentou há alguns meses e sua coragem de encarar as dificuldades de frente e trabalhar de camelô, demonstradora, vendedora e auxiliar administrativa – escorreu uma lágrima bem no canto dos meus olhos. De euforia. De felicidade.
Que mulher incrível!
Eu pensei nas vezes que a gente reclama de um briefing que chega sem informação. De uma reunião que atrasa. De tanta coisa banal. Me achei uma idiota. É impossível se deparar com histórias de força e superação de mulheres como a Tati, como Helen Keller e Ana Sullivan, sem refletir mais sobre nós mesmas e sair desta reflexão mais de bem com a vida e menos implicante com banalidades do cotidiano.
Aprendi. Me fortaleci. Agradeci.
Pedi então, depois de entender que a entrevista havia sido uma baita lição de vida para mim, que a Tati deixasse uma mensagem para cada uma das leitoras do Plano. E ela mandou este recado para você, ooh:
“Eu amo ser mãe, amo a mulher que me tornei. Amo meu marido e meus filhos. Amo a vida. Quero que meus filhos sejam pessoas de caráter e no fundo é isso que vale na vida. Não me cobro para não me frustrar, mas persisto a cada dia e busco o meu melhor em tudo o que faço. Ser realizada e estar bem espiritualmente é essencial para uma vida feliz. Eu sou e busco isso a cada dia. E se tiver um conselho que eu possa deixar é: seja persistente. Acredite. Com força de vontade a gente sempre consegue.” Tati Ferreira, 32.
Obrigada, Tati.