Convidamos Amanda Allegrini para falar sobre Planos e o poder das relações, que vai além de qualquer estereótipo e faz a gente entender que o amor é um presente e que toda forma de amor é AMOR e ponto.
Eu conheci a Natália em 2011, a gente tinha 19 anos e estava em uma festa com alguns amigos em comum. Eu reparei nela e tentei me aproximar, sem muito sucesso no começo. Acabamos ficando depois de dividirmos alguns shots de tequila e foi a história de primeiro beijo menos romântica que conheci.
Imaginei que ia acabar aí, mas ela acabou me adicionando no Facebook no dia seguinte e saímos juntas algumas vezes. Com o tempo, percebemos o quanto a gente era diferente. Eu falava abertamente entre amigos e no trabalho sobre ser bissexual, já tinha me relacionado com várias meninas e namorado mais de uma vez. Ela ficava com meninas na balada ocasionalmente e nunca tinha namorado.
Alguns meses depois começamos a namorar e as diferenças entre a gente acabaram nos ensinando muito. Ela contou sobre o namoro para a mãe com naturalidade enquanto lavava louça e a reação não foi muito boa, mas fizemos muito progresso e hoje em dia convivemos bem. Até hoje ela ainda não contou para o pai. Minha mãe sabe desde o começo e adora a Natália, mas para o resto da família esperei para contar quando fui morar sozinha.
A pior parte de namorar escondido da família é ter que obrigatoriamente sair para se ver. No começo isso não importa muito, mas depois de anos de namoro, imagine querer passar um domingo preguiçoso no sofá e precisar ir ao shopping pra poder curtir o dia juntas. Dentro de casa, a gente fingia ser amigas e nossas famílias fingiam acreditar. Até hoje é um pouco assim, mas aprendemos a ser pacientes e comemorar os pequenos avanços.
Daí resolvemos casar!
Eu fiz planos para pedir a Natália em casamento por muito tempo. Foram várias ideias que acabavam ficando muito bregas, muito simples, muito demoradas ou muito inviáveis. Há um ano finalmente decidi como faria, comprei um mapa mundi daqueles que você vai raspando os países pelos quais já passou. A Nat ama mapas, cursou Relações Internacionais e sonha viajar pelo mundo. Eu sonho em conhecer o mundo junto com ela.
Listei todos os países do mundo que aceitam o casamento homoafetivo, descobri quais eram seus idiomas e pedi para casar com ela com post-its em todos eles.
A Natália é tímida, eu sabia que ela não gostaria que este momento fosse em público, mas eu também não queria fazer no meu apartamento pequenininho no centro. A solução veio com a ajuda do irmão de um amigo, dono de um bistrot incrível em Pinheiros, o La Quiche. Em uma sexta-feira, fechei o restaurante só para ela!
Agora estamos noivas e acabamos de nos mudar para morarmos juntas. Passamos a fazer novos planos, como qualquer outro casal. Planos para o casamento, sobre quem vai fazer o jantar amanhã, de adotar um novo gato. Planos para aos poucos combater o preconceito e continuarmos juntas e felizes.
Que a gente seja feliz, que a gente encontre o amor e o viva de toda a alma, de todo o coração.
Obrigada, Amanda, por dividir os seus Planos com a nossa equipe! <3