Quando conheci o TED e o TEDxDaLuz me identifiquei e emocionei com o conceito e tudo o que o envolvia. O dia que lancei o Plano Feminino – 08 de Março de 2010 – planejava exatamente o diálogo entre elas e que este fosse o caminho para grandes e novas descobertas. O fazer juntos, o engajar, o dialogar e cooperar sempre fizeram e farão parte de minha vida – acredito muito nisso. Ao longo de nossa trajetória na vida, vamos encontrando pessoas que também pensam como a gente e claro, nos identificamos e queremos elas por perto. Foi assim, em um papo informal com a Mariana Cogswell, curadora e responsável pelo TEDxDaLuz – temos grandes planos para realizarmos juntas, mas antes, quero que vocês conheçam um pouco mais sobre este universo de que estou falando e se inspire a se juntar a nós nesta força geradora de grandes transformações em nosso meio .
1) O que é o TED? E o TEDxDaLuz?
TED é uma conferência anual que acontece na Califórnia e Reino Unido motivada por ideias que merecem ser espalhadas, pois têm o potencial de tecer o futuro – contadas em até 18 minutos.
TEDx é um programa global de eventos organizados de maneira independente – sob a licença do TED – que tem o intuito de dar voz a comunidades locais, espalhando mais ideias ainda.
TEDxDaLuz é uma licença que nasce com o propósito de trazer à tona – ou colocar luz – nos aspectos femininos (mais sutis, afetivos, intensos, obscuros, potentes, generativos e pulsantes) que também fazem parte da nossa natureza humana mas estão excluídos do nosso jeito de ser, fazer e falar das coisas.
No TEDxDaLuz tudo está incluído. Acreditamos na vida que pode ser vivida por inteiro. Sem o feminino (quando esta força está negada, negativada e portanto submissa) ficamos incompletamente perdidos e reféns do medo, do controle, da manipulação e da compulsão, ou seja, uma versão insustentável de nós mesmos. Os efeitos coletivos disto vemos diariamente…
Estamos a serviço de tecer uma rede de indivíduos que realizam diariamente a travessia de si mesmos (ou seja, para fora da ilusão aprisionante), honrando o feminino ou FORÇA GESTADORA que pulsa em si mesmos, experimentando e criando a cada momento a realidade que desejam viver. São encontros magníficos. Estamos criando uma comunidade…
Esta jornada de troca de experiências dá sentido a nós mesmos. Nos ampliamos e aprendemos continuamente nesta comunidade que se liga a partir do coração que reconhece a verdade. E a mente, entende depois, dando significado e contorno a novas conversas.
2) Qual seu papel neste evento?
Sou Organizadora e Curadora do evento, ou seja, convoco o tema, desenvolvo sua proposição, desenho o fluxo da história e então se dá início à teia de talentos, palestrantes, parceiros e voluntários que darão forma e sustentação ao movimento. As pessoas se aproximam por identificação com o nosso propósito, que já sabemos que não é de cunho massivo, mas percebemos que é autêntico, pois temos uma comunidade engajada.
3) Como vê a relação das pessoas através do diálogo? Ele tem mesmo força?
Ah, este foi o tema deste ano: Diálogos no Limiar.
Tem muito a ver com a travessia de si mesmo. Perder as referências, não ter o “já sabido” a nosso favor – ao contrário… remar contra a corrente mas pra dentro de si mesmo, re-encontrar-se e a partir daí trilhar um caminho mais verdadeiro e mais frágil, pois é só seu… e nesse momento, dialogar com a cegueira, surdez, falta de linguagem inteligível com o outro, tarefa dolorosa e por isso pouco percorrida. A maioria para na farmácia, no shopping, no boteco…
Mas aqueles que persistem têm algo de precioso para compartilhar, a sua integridade. Artigo da maior valia e altamente nutriente para outros seres em travessia e para a sustentabilidade que tanto desejamos ver vivida.
Sou dialogadora e acredito sim e muito no diálogo, que permite que pessoas de mundos e visões bastante diferentes se encontrem, se escutem e se descubram mais ricos depois de vencer a tentação da redução e do preconceito. É uma ginástica pra dentro… colocar neurônios Gandhi pra funcionar. Por um lado é delicado, pois a condição para que novos sentidos circulem é a confiança. Mas por outro, é um jogo de ganha-ganha. E é contagiante, porque é libertador…
3) A mulher pode dar a luz, por gerar uma vida e pode muito mais do que imagina. Você concorda? Como vê hoje o papel da mulher na sociedade?
Segundo a cabala, a mulher nasce conectada ao sagrado e por isso quando se casa, para honrar seu marido (…) ela cobre a cabeça com um chapéu ou peruca para demonstrar seu respeito (submissão?) a ele, que por sua vez, só consegue se conectar ao sagrado através do quipá (aquele chapeuzinho que os homens colocam ao entrar na Sinagoga).
A FORÇA GESTADORA é uma “inteligência embarcada” e natural de todos os seres humanos, mas é especialmente diferente para as mulheres. Temos útero, que em si é um órgão receptivo e nutritivo. Percebemos e processamos mais de tudo o que ainda está invisível.
O vir-a-ser é natural para nós. Somos modeladoras contínuas da potência da criação, só não somos instruídas sobre isso. Fomos amputadas do nosso propósito criador maior e assim, nos esquecemos, nos perdemos, nos ressentimos e não entendemos porque. Ao aceitarmos submeter o que trouxemos de mais sagrado, é atávico (inconscientemente automático) que vivamos na “sombra da criação”, que é a manipulação, a maledicência, o confinamento afetivo. Isso é muito sério… Desconfiamos umas das outras, competimos por homens, por poder, usamos da sedução para demarcar território…
Além disso, temos uma densificação de neurônios ligados a funções relacionais e afetivas radicalmente maior do que os homens. Mulheres portanto são tecelãs de redes de relações e portanto são tecelãs da realidade em tempo real. São guardiãs do sentir – sabem antes, são empáticas e até telepáticas. Mulheres são disseminadoras “geométricas” da sua percepção de mundo – para o bem e para o mal. Essa é a história não contada…
A qualidade da “permissão” da mulher é diretamente proporcional à qualidade do desenvolvimento do seu ambiente. Mulheres autorizadas são avatares que libertam – e curam – muitos.
Mulheres feridas e vitimizadas podem criar teias gigantescas de aprisionamento e culpa. Mas não é culpa de ninguém, a não ser da ignorância.
Eu estou a serviço de arrancar este véu. Somos as grandes curandeiras do mundo e é bom acordarmos agora mesmo para o nosso serviço e cortar de vez as cortinas do medo, da menor valia, da vergonha, da culpa.
Nos esquecemos da grande irmandade – da sisterhood – que já somos e que viemos sustentar. Temos o potencial de formar redes gigantescas de apoio mútuo. Essa é a real natureza feminina.
Esse é o próximo modelo de liderança. Não é à toa que as mulheres refugam deste modelo de água solitária – toda poderosa e desconfiada – no topo. Não é pra gente. Adoecemos nessas condições!
Enfim, eu falaria por horas…
Despertar para fora deste senso de alienação, de separação, de extrema higienização afetiva, exigência estética e ansiedade intelectual.
Este é um modus-operandi que alimenta a sensação de falta, incompletude, comparação, tristeza, consumo, expectativa, conflito…
O único caminho para a comunhão externa é antes fazer o caminho interno, de aceitação da própria imperfeição, da nossa natureza experimental e inacabada, da possibilidade de perdoar-se e rir do erro como uma grande nova descoberta.
Quando começarmos este movimento será natural reconhecer no outro um espelho de novas e melhores experiências e não um rival competitivo ou um salvador mágico.
Sairemos da polaridade porque não jogaremos mais o jogo do medo. Saberemos que todo estado é passageiro e assim não temeremos nossas emoções negativas. Já teremos entendido que elas chegam como anjos que vieram equilibrar lições ainda insuficientemente aproveitadas nesta vida.
Entenderemos que somos criadores da nossa realidade e com isso nos tornaremos mais responsáveis por nós mesmos e pelos impactos que nossas escolhas têm no mundo que nos cerca.
Saberemos também que é impossível oferecer ao outro aquilo que ainda não está pleno em nós mesmos. E assim, sendo generosos pra dentro, será natural que sejamos generosos para fora, pois nosso único intuito será gerar harmonia e restaurar o que estiver a nosso alcance, pois é bom pra gente e para a nossa comunidade.
Tenho um tema convocado para 2013 que é Diferenças, Semelhanças, Aprendizados. Cortando de vez os véus da ilusão que nos separam.
Mas sinceramente, não sei onde chegará, pois não depende só de mim. Eu estou a serviço de continuar alimentando estas ideias que me movem, me trazem sentido e entusiasmo e me enchem de otimismo por estar viva aqui e agora. Ah, às vezes acho que estou mudando o mundo e outras vezes, vivendo a minha própria loucura…
Antes de mais nada, acho que este planeta será um lugar melhor porque as minhas filhas estão nele.
Elas já trazem uma inteligência altamente potente e transformadora embarcada. São criativas, corajosas, positivas, amorosas.
São meninas “autorizadas”. São também crianças, irmãs, brigam, me desafiam… estão no papel humano delas…
E eu sou mãe, amorosa, educadora, intensa, humana… Estamos aprendendo juntas e sou infinitamente grata por ser mãe destas mini-avatares incríveis! É um privilégio…
Meus negócios… essa é a travessia da vez…
Há dois anos abri mão de uma carreira muito bem sucedida como publicitária para me jogar numa nova jornada.
Saio agora pra fora deste grande útero que me gestou como Coach, Dialogadora e Designer de Linguagem, o que me permite praticar um pouco do que penso e falo.
Pessoas sustentáveis (Coaching), que se expressam com respeito por elas mesmas ganham condições de desenvolver relações sustentáveis (Diálogo) que por sua vez nutrem redes sustentáveis. E esse jeito todo de fazer coisas “melhor” ou seja, gerando valor real em múltiplas dimensões e não apenas na material é algo que merece ganhar nome para que possa ser modelado, adotado e disseminado por muitos. É aí que entra a Linguagem, que ajuda e muito que as relações sejam tecidas e se perpetuem com segurança, pois agora aquilo que vivemos tem registro, e esse registro nos representa…
Enfim, esta é a Akashari ou pelo menos a sua visão de nascimento.
Neste momento, já atuo como Coach e faço consultoria em Comunicação de Autenticidades.
Meu slogan é Caminhos com Sentido, onde Direção, Sentimentos e Significados se encontram para um caminhar potente.
Conheço Mariana há muitos anos.Ela sempre foi uma mulher a frente de seu tempo, valente, inteligente, criadora. Parabenizo Viviane pela escolha.Beijos Mariana e meus cumprimentos Viviane. Lucy Godoy
Querida amiga, mãe, fada madrinha,
Que abraço carinhoso você me dá com o seu comentário.
Lucy, você está definitivamente instalada no meu coração. Te amo desde sempre. Obrigada por continuar zelando tão de perto. Sinto um calor na alma 🙂
E a Viviane, uau… estrela de primeira grandeza!
Saudades minha querida Lucy 🙂
Com amor e gratidão,
Mari
Lucy, querida, muito obrigada pelo carinho. Grande beijo e vamos juntas compartilhar histórias de mulheres que inspiram. 🙂