Parece velha a ideia de que somos manipulados pela mídia. Quando fui estudar comunicação midiática entendi a responsabilidade de se criar uma mensagem. A mídia tem o poder de construir ou destruir um conceito, uma pessoa, em questões de minutos. É uma arma nas mãos de quem está disposto a ganhar dinheiro a qualquer custo. E ela está apontada para cada um de nós. Pobre dos que não conseguirem ler as entrelinhas.
Pobre do que não conseguir furar a bolha. Morre. Sufoca. Desanima.
As mulheres são vítimas há anos de imagens e mensagens que nos faz cada vez mais, querer ser o que não somos, ou melhor, nunca seremos.
– Emagreça já!
– Tenha uma pele de pêssego!
– Não tenha rugas!
E tem ainda, coisas banais, como os shampoos com as propagandas mais surreais que já vimos. cabelos de horas de salão são apresentados como se bastasse lavar as madeixas com o produto para ter aquele balanço impecável. Sem frizz! Irritavelmente lindos! Sacanagem pura. Covardia contra nós, meras mortais.
Daí vem as frustrações, o aumento cada vez maior do mercado de beleza e as agendas dos psicanalistas lotadas. É ensandecedor. É de dar pena. Pena de nós, que muitas vezes caímos na ilusão que estampa revistas e comerciais de todo tipo à nossa volta.
Já fui daquelas que deixava de comer brigadeiro – sacrilégio! Aliás, deixava de comer. Já tive anorexia. Já quase fui. Tudo por conta de uma busca desenfreada, por um corpo que nunca seria meu. Não com o histórico que carrego em meu DNA. É… tenho bunda, coxa e peito. Tenho quadril largo. Posso pesar 40 kilos e ele ainda estará lá. Isso porque na vida real não tem photoshop! No espelho também não!
E eu, aprendi a duras penas que teria de amar o que sou ou nao existiria mais. É louco pensar o quanto maléfica é a indústria do photoshop, da visão irreal que tentam nos vender a qualquer preço.
Por isso, sou a favor de que nós, mulheres não photoshopadas, com celulites, cabelos bagunçados, quilinhos a mais…nos unamos, nos amemos. Sabe, a gente precisa declarar isso em uníssono. Nos contagiar de nós mesmas e inspirar a indústria da beleza a ter mais criatividade e entendimento do que realmente é belo. Ninguém está falando que a estética não é importante, mas o que tem acontecido em capas de revistas é lobotização. Deveria ser crime.
Palmas para Kate Winslet, que depois de sair em uma capa de revista com retoques de photoshop que a deixaram incrivelmente mais magra do que é, disparou contra a publicação: “Eu não sou assim. E o mais importante, eu não quero parecer assim”. Declarações como a dela criam movimentos positivos em relação à beleza real e de alguma forma, dão chacoalhão em mulheres que ficaram cegas e obcecadas pela busca de uma beleza que simplesmente não existe. Um viva às mulheres que conseguiram se libertar desta piada criada pela indústria de beleza. Um UAU! às não photoshopadas e à sensação maravilhosa de se amar como a gente é. Vou ali comer um brigadeiro pra comemorar.