Estupro é um assunto do qual a gente não gosta de falar, mas que é necessário porque infelizmente eles ainda acontecem em um número muito alto. Só no Brasil, uma mulher é estuprada a cada 11 minutos e o que mais se ouve por aí são comentários como “mulher que usa roupa curta ou com decote não pode reclamar se for estuprada”. Bem, precisamos falar quantas vezes que a culpa nunca é da vítima, independentemente da roupa que a mulher esteja usando?
Pois é, por mais que a gente ainda tenha que repetir isso, agora uma exposição em Bruxelas, na Bélgica, mostra exatamente isso, as peças de roupas que mulheres usavam quando foram estupradas e o resultado está bem longe de roupas curtas ou provocativas, como muita gente acha por aí. As peças da exposição são compostas por blusas sem decotes, calças discretas, pijamas e camisetas largas.
A exposição leva o nome de “A culpa é minha?”, que é uma das perguntas que as vítimas mais se fazem quando algo tão horrível como um estupro, acontece com elas.
“O que você percebe imediatamente quando vem aqui: todas as peças são completamente normais, roupas que qualquer um usaria. Tem até uma camiseta de uma criança com uma imagem do filme My Little Pony que mostra essa dura realidade”, afirmou Liesbeth Kennes, organizadora da exposição e que faz parte do grupo de apoio a vítimas de estupro CAW East Brabant.
Liesbeth já luta há muito tempo contra o estupro e, em 2015, durante uma entrevista ele disse que só 10% dos estupros acontecidos na Bélgica eram denunciados e o pior, apenas 1 a cada 10 ia pra frente, com algum tipo de condenação.
“Por trás desses números há pessoas de carne e osso. Mulheres, homens, crianças. Nossa sociedade não incentiva as vítimas a denunciarem ou a falarem abertamente sobre o que passaram”, ressalta ainda, Kennes.
Não há dúvidas de que só há um culpado por estes crimes: o estuprador. Vamos parar de arrumar um jeito de culpar a vítima porque já basta todo o trauma pelo qual ela passa com uma violência dessas, ainda ter que ouvir que a culpa pode ser dela é demais pra qualquer pessoa, né? Esperamos ter que falar cada vez menos sobre estupro por aqui. Esperamos um dia – em breve – ver esses números diminuírem, até cessar, pra que nós, mulheres, possamos andar na rua tranquilas, sem que a sombra da violência no assole o tempo todo.