Depois de protestos contra propagandas consideradas machistas, fica a pergunta: é possível fazer publicidade para a mulher de um jeito diferente?

A campanha “Homens que Amamos”, da Risqué, foi a mais recente “vítima” de uma polêmica que não parece esfriar: propagandas com conteúdo considerado machista. Um pouco antes, um anúncio da cerveja Skol despertou a ira das consumidoras e foi acusado de estimular o assédio e até estupro, sendo rapidamente trocado.

Exagero? Talvez. Mas será difícil ignorar o público feminino desta vez. No Dia Internacional da Mulher criaram o Tumblr “Quem foi que aprovou?”, com anúncios cheios de clichês como mulheres gostosas, fúteis ou gastonas.

Curiosamente, o mercado não vê problema algum. O próprio Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) na reportagem “Machismo é a regra da Casa”  declarou que “Não existem muitos casos de propagandas machistas no Brasil”. No entanto, pesquisa do Instituto Patrícia Galvão mostra que 65% das brasileiras não se identificam com a imagem feminina na publicidade.

Femvertising: Publicidade que empodera a mulher

Profissionais da área argumentam que um maior controle engessaria a criatividade com o  “politicamente correto”. Porém, Washington Olivetto declarou que era preciso encontrar o  “politicamente saudável, que respeita a inteligência, mas com irreverência e bom humor.” Para saber se este “politicamente saudável” existe e se vende, listamos 3 campanhas que “empoderam” as mulheres.

A tendência lá fora é ainda mais forte e criou até mesmo uma vertente de propaganda que empodera a mulher, o “Femvertising”. São campanhas que inspiram e colocam a mulher como algo a ser celebrado e reconhecido, e não como um objeto sexual. São campanhas com milhões de views e grande impacto nas vendas. Conheça algumas delas:

Dove “Retratos da Real Beleza”

A campanha de maior repercussão dos últimos tempos, recorde de views (cerca de 30 milhões em apenas 10 dias), mostra como as mulheres são suas piores críticas. Nela, Dove ajuda a construir uma mensagem poderosa e positiva de aceitação. As vendas aumentaram de US$ 2.5 bilhões para US$ 4 bilhões após a campanha. Considerada a melhor campanha do século XXI  pela Advertising Age.

Always “Como uma menina”

A campanha #likeagirl, de Always, perguntou: o que é fazer coisas como uma menina? Com adultos, a resposta para correr, lutar ou jogar bola foram caricaturas afetadas. Quando o mesmo foi pedido para meninas até 10 anos, elas simplesmente deram seu melhor. A campanha viralizou : 80 milhões de views em 150 países.

CoverGirl “GirlsCan” 

É comum mulheres ouvirem que não podem ou não devem fazer coisas “não-femininas”. Baseada nisso, a marca nova-iorquina de cosméticos CoverGirl convidou celebridades femininas de várias áreas para mostrar que “as garotas podem, sim”. A campanha teve 23% de engajamento nas redes e aumento de 18% nas vendas de produtos labiais.

As marcas evitam o rótulo de feministas para suas campanhas já que, segundo pequisa da YouGov, 14% das consumidoras acham que a palavra é um insulto. Ainda assim, enquete do Sheknows mostra que, de 600 mulheres pesquisadas, 52% compraram produtos motivadas pela imagem que elas faziam das mulheres.

Mulher Brasileira

Mesmo a campanha da Dove criada no Brasil com foco global, há tantos números positivos sobre o poder da mulher não apenas no consumo, mas de mudança de comportamento e da sociedade, que não pode passar despercebido. Este é o momento do mercado brasileiro mostrar que sabe fazer publicidade que fortaleça e empodere a figura feminina. Quem faz, deve pesquisar mais e trazer para as campanhas uma imagem mais real da mulher brasileira. E, para quem assiste e consome, fica o papel de cobrar dos que fazem posicionamento e menos clichês do século passado.

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