A Mari Gradilone é uma mulher de muita fibra, que chegou ao universo do coworking quando tudo ainda era mato. Com 65 anos, ela é proprietária em sociedade com seu marido de duas grandes redes de coworking, a Virtual Office e o Club Coworking.

Sua história começou quando ela atuava em um escritório de arquitetura, que é sua formação, e onde também conheceu seu sócio e marido. Na época, há 25 anos, ele conheceu uma metodologia de compartilhamento de recursos nos Estados Unidos e na Europa que ainda não existia no Brasil e foi aí que juntos decidiram empreender.

Começaram com um escritório virtual, o Virtual Office, que tinha uma secretária para cerca de 10 a 15 pessoas em um espaço compartilhado. Isso em uma época que as pessoas nunca tinham ouvido falar em escritório virtual, menos ainda em coworking, então o negócio foi realmente inovador, fazendo com que eles se tornassem pioneiros no mercado.

Cada empresa que se instalava no Virtual Office, tinha um atendimento personalizado e isso chamou a atenção do público, e Mari, à frente do negócio, estava sempre atenta às novidades do mercado para continuar levando aos clientes o melhor serviço. “Em 23 anos nesse trabalho, cresci e entendi a parte empresarial de uma forma tão grandiosa, que se traduz hoje no sucesso do meu negócio. Hoje minhas empresas contam com 100 funcionários e 93 deles são mulheres. Elas têm a habilidade de transformar esse trabalho em um negócio de excelência. Além disso, quero ajudar as mulheres a se empoderarem, saber que elas podem realizar o que quiserem.”

 

 

Mari encontrou um nicho no mercado que precisava de atenção e conseguiu, com um trabalho de excelência, mostrar que uma mulher pode fazer muito mais do que imagina. Hoje, ela possui 8 unidades de coworking em São Paulo e no Rio de Janeiro estão abrindo o segundo espaço da marca.

“O que atrai profissionais de todas as áreas como TI, advogados, consultores, fisioterapeutas, prestadores se serviços, entre tantos outros para os escritórios virtuais, é o fato de ter um espaço profissional, com qualidade de serviços e baixo custo. Além da oportunidade de fazer networking e conhecer outros profissionais de diferentes áreas, é isso que as pessoas buscam nos meus espaços.”

A Mari é uma das 6 mulheres que comandam espaços de coworking no Brasil. Ainda são poucas perto de tantos espaços como esses espalhados pelo país. Há muito espaço para ser ocupado pelas mulheres e Mari diz que elas devem acreditar mais em si mesmas, porque são altamente qualificadas para realizar os planos que quiserem.

 

“As mulheres ainda têm poucas oportunidades e acreditam pouco em si mesmas. A mulher, de uma forma geral, tem uma visão diferenciada, busca a satisfação em primeiro lugar e é sempre atenta aos detalhes. Quanto mais mulheres conseguirem acreditar na sua força, mais estarão no comando. Elas ainda são poucas na liderança de uma forma geral, mas têm capacidade de fazer o que quiserem.”

 

Como uma das poucas mulheres à frente de um espaço de coworking no Brasil, Mari enfrentou alguns desafios por ser mulher em uma posição importante. Já houve reuniões em que participou, na qual os homens da sala a ignoravam e falavam apenas com seu sócio, que é homem, em outras, já deixou de fechar negócio por conta do preconceito.

“Há uns 10 anos, tive uma reunião com dois homens que me marcou bastante. Começou ao entrar na sala, onde eu os cumprimentei e nenhum deles foi muito simpático, inclusive um deles disse que não queria ser atendido por mim e perguntou se tinha um homem que pudesse atendê-los. Respondi dizendo que era a proprietária da empresa, que era composta por maioria mulheres e que, se ele não quisesse ser atendido por uma mulher, ficaria difícil seguir a reunião. Então eles simplesmente se levantaram e foram embora.

Outro caso aconteceu há poucos meses quando apareceu uma grande oportunidade de negócio. Preparei a sala para a reunião com um coffee e tudo o mais. Normalmente sou eu quem atendo os clientes nas reuniões porque meu marido foca na parte estratégica.

Quando as pessoas chegaram para a reunião cumprimentei, me apresentei e meus possíveis parceiros de negócios permaneceram calados durante toda a reunião. No final, meu marido ficou conversando com um deles. Depois, essa pessoa disse que não queria ser atendida por uma mulher, que tratava de negócios apenas com homens e eu não tive outra alternativa, encerrei a reunião na hora, dispensando o fechamento da parceria.

Como mulheres, temos que nos posicionar, porque estamos em 2018 e não temos que aceitar esse tipo de situação. Temos que mostrar que temos capacidade, queremos expor nossas ideias e somos qualificadas para desempenhar todos os tipos de funções, inclusive comandando uma empresa.”

Aos 65 anos, Mari ainda tem muitos planos para realizar, e um deles é transmitir tudo o que aprendeu em mais de 20 anos como empreendedora para que a nova geração cuide de seus negócios e leve o seu sucesso como profissional adiante.

 

 

“Ainda quero montar uma área de treinamento para treinar pessoas de diversas áreas. Como mulher, mãe e avó, agora quero ter mais tempo livre para me dedicar à família, mas sem parar de pensar nos negócios. Meu plano é transmitir meus conhecimentos como empreendedora para que eu caminhe para uma vida mais tranquila. Hoje, aos 65 anos, já me sinto uma mulher realizada profissionalmente, com aquela sensação boa de dever cumprido.”

Mari tem uma grande experiência de vida e também como profissional, por isso acha importante dizer a quem está começando a carreira, que todo mundo é capaz de realizar o que quiser, basta acreditar na sua capacidade:

 

“Acredite em você, mesmo que não acredite, você tem um potencial forte e deve aproveitar isso da melhor forma possível. Busque conhecimento sempre, fale, expresse sua opinião. Tenha uma meta e vá atrás dela. Ah, e lembre-se sempre: não existe um não para uma mulher.”

 

Uma mulher inspiradora como a Mari, que passa por cima dos preconceitos e mostra que lugar de mulher é onde ela quiser, tem aos montes, escondidas ou se mostrando por aí, em todos os cantinhos do Brasil e do mundo. Quer mostrar pra gente também quais são os seus planos? Manda por e-mail no [email protected]. Vamos juntas construir um futuro de mulheres protagonistas de suas histórias.

 

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