Sempre falamos por aqui da desvalorização do trabalho feminino e o quanto é importante continuarmos lutando e falando sobre o assunto para que esta realidade mude e todos, independentemente do sexo, tenham oportunidades e salários iguais, afinal, as mulheres ainda ganham menos que homens ocupando os mesmos cargos e elas ainda são um menor número em cargos de liderança das empresas.
Um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD C) de 2016, mostra que apenas 37,8% dos cargos gerenciais no País são ocupados por elas. Quando fazemos uma comparação com anos anteriores, vemos que a situação é ainda mais complicada, porque existe uma queda na participação feminina na liderança. Só pra ter uma ideia, em 2013, elas ocupavam 40,1 dos cargos de líderes, uma diferença de 2,3 pontos percentuais. Pode parecer pouco, mas não é!
De acordo com especialistas, a justificativa para isso, é a crise econômica pela qual nosso país está passando, além da múltipla jornada pela qual as mulheres se dedicam, o que torna o processo ainda mais cansativo para elas.
“Em anos de crise, as mulheres, os jovens e os negros são os mais afetados, justamente por essa instabilidade”, explica a gerente da Coordenação de População e Indicadores Sociais da instituição, Barbara Cobo.
O universo ainda machista, colabora muito pra que isso aconteça. As mulheres ainda trabalham muito mais porque, além das obrigações de trabalho, ainda gastam mais horas com afazeres domésticos do que os homens. Dados do PNAD C, mostram que elas se dedicam aos cuidados com outras pessoas e trabalhos do lar 73% de horas semanais a mais que os homens, o que significa que mulheres acabam trabalhando cerca de 18,1 horas diárias, contra 10,5 dos homens.
O assunto fica ainda mais sério, quando fazemos a divisão por raça, porque negras ou pardas trabalham cerca de 19 horas por semana em atividades relacionadas ao ambiente doméstico. Barbara reforça que algo precisa ser feito para mudar esta realidade, para que haja ações eficazes para a igualdade racial dentro do recorte de gênero e nós estamos com ela:
“Olhando para o interior desses dados, é preciso que haja esforços mais eficazes que garantam também a igualdade de gênero para mulheres pretas e pardas”, conta Barbara
Desvalorização do trabalho feminino
Apesar de mulheres serem menor número nos cargos de liderança, elas estão se especializando e estudando cada vez mais. Hoje, elas são maioria tanto no mestrado quanto no doutorado de acordo com o relatório da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)
“Isso vem no esteio da sociedade patriarcal: mesmo que as mulheres tenham a mesma capacidade, essa estrutura não aceita que ela esteja em pé de igualdade. E não estou falando dos homens, mas sim dessa cultura do patriarcado que vê a mulher como o sustento do sucesso da carreira do homem. Então, muitas vezes, precisamos nos capacitar muito mais para termos esse reconhecimento”, diz a especialista em gênero, desenvolvimento e políticas públicas, Paty Sampaio.
Outro ponto que a especialista levanta é questão da desvalorização do trabalho feminino. Segundo ela, as mulheres também enfrentam a desproporção salarial quando ocupam os mesmos lugares que os homens: “Isso pode ser associado à subvalorização do trabalho feminino e a não divisão de tarefas no ambiente doméstico. Quando nós vemos nas estatísticas, por exemplo, que a mulher ganha menos que os homens num mesmo cargo é em função disso”.
É triste ver que as coisas pouco mudaram e que, com a crise, essa diferença apenas aumenta. Mesmo com todas essas dificuldades, como mulheres sabemos o quanto somos capazes de realizar. Temos ainda muitos exemplos no mundo dos negócios de mulheres incríveis que estão fazendo acontecer e que são inspiração para que outras mulheres ocupem os espaços que quiserem.
O desejo de todas as mulheres é estar em pé de igualdade com os homens em seus direitos e deveres, não é lutar com eles, mas sim lutarem juntos, para que todos tenham a oportunidade de ocupar espaços sem que haja uma seleção de gênero ou raça que defina isso.