Desde que comecei a trabalhar com publicidade, a configuração de gêneros nas agências me chamou atenção. Antes, enquanto o atendimento tinha quase que sua totalidade composta por mulheres, as áreas criativas eram dominadas por homens. Hoje, passados quase 10 anos, infelizmente (e incrivelmente) ainda não existem grandes mudanças, mas, pelo menos, a questão está sendo levantada com mais discussões e mobilizações femininas por igualdade.
Aliás, nos últimos anos, diversos movimentos surgiram para bater de frente com o machismo (oi, Plano Feminino!), ajudando as minas a repensarem sua presença na sociedade e o papel de cada uma como agente de mudança. Como não podia deixar de ser, um grande foco desses movimentos são as agências de publicidade. Afinal, não é surpresa pra ninguém que elas são responsáveis por criar e manter muito do imaginário popular sobre “papel da mulher” na sociedade, né?
“Mas, Carla, o que tem a ver a mulher criativa com tudo isso?”. Ora, junto ao empoderamento, reforçamos a importância do lugar de fala. E nada melhor do que uma mulher para entender, prever e criar em cima do comportamento da outra, não é mesmo? E, olha, não estou querendo dizer que homens são incapazes de compreender a gente, não é isso. Apenas que o olhar feminino dentro da criação é superimportante para trazer outro ponto de vista sobre diversas questões – e isso sem mencionar os estudos que comprovam a melhora financeira e produtiva de ter mais mulheres em cargos de liderança. É tipo o mínimo mesmo, sabe?
“Mas, Carla, também tem muita mulher machista por aí!”. Ô se tem, e nós sabemos muito bem disso. A questão é que as mudanças acontecem as poucos. Há cinco anos eu era uma pata choca em termos de igualdade e noção de quem poderia ser – e ainda hoje me vejo reproduzir várias babaquices que me foram impostas durante uma vida inteira. E isso vai desde repensar se devo aceitar ajuda para levar compras de mercado, quanto se compensa entrar numa discussão dentro do grupo de família ou da própria agência.
A verdade é que não é fácil ser vigilante, contestadora e brigar por direitos iguais. E justamente por isso, quanto mais mulheres conscientes e dispostas estiverem ao nosso lado, melhor. Nós sabemos que existe mulher machista. Nós sabemos que têm aquelas que acham que “o mundo está muito chato”. Mas nós também sabemos que o protagonismo e igualdade são um caminho sem volta. E, se a autoestima das mulheres aumenta, nada mais justo do que a criação publicitária caminhar com ela.
No Garota Propaganda eu faço justamente isso: a visão de uma mulher sobre o mercado publicitário. No canal, minha ideia é discutir o dia a dia dentro das agências, mas também trazer temas um pouco mais ~profundos sobre o universo que nos ronda. E um deles foi exatamente sobre a presença feminina dentro da criação. Se quiser ver um pouco mais sobre esse assunto, o vídeo abaixo pode te ajudar.
Quer ler mais sobre esse assunto aqui? Fala pra gente o que você achou, o que você pensa sobre a presença feminina na publicidade e logo vem mais sobre o assunto por aqui.