Mulheres, Mídia e a perversidade dos tempos modernos
Faz tempo, tenho debatido com parentes, amigas, amores sobre a felicidade feminina. E os papéis das mulheres na sociedade contemporânea. Divido a discussão, didaticamente, em três aspectos.
1. Cidadania. Foi apenas na Revolução Francesa que as mulheres começaram a lutar por direitos básicos como votar. Estudar, com honrosas exceções, só se tornou possível no século passado – quando a maioria das pessoas que lerão esse artigo nasceu.
2. Dupla jornada. Muito dos problemas atuais das mulheres tem a ver com a dicotomia “direitos iguais” e obrigações diferentes, o que não chega a ser um problema das conquistas em si, mas de desigualdades culturais. Lembrando que todos nós nascemos de mulheres. E que muitas vezes, a cultura machista nos é imbuída por nossas mães.
3. A questão da aparência. Durante todo o século XX, o cinema e as mídias em geral construíram um modelo aspiracional de mulher por demais diferente da média, particularmente em se tratando da mulher brasileira. O que cria uma enorme frustração, num círculo vicioso.
Longe de querer resolver qualquer uma dessas questões, gostaria de discorrer um pouco mais sobre elas, dando minha opinião que pode parecer arrojada ou antiquada, dependendo do ponto de vista.
Como diria Jack, vamos por partes.
Sobre a questão da emancipação e das igualdades, algumas amigas costumam confessar, entre risos, terem vontade de matar quem a inventou. Sentem falta de cavalheiros que tomem a iniciativa. Dizem que os homens são enrolados, ou casados, ou veados. Querem ser paparicadas e cuidadas. E continuar mandando, como sempre mandaram, silenciosamente. Isso talvez valha para a classe média. Mas talvez não seja assim para a maioria das pessoas.
No campo das igualdades, muito já foi conquistado, mas ainda está longe o fim das diferenças entre os sexos. Na média do mercado de trabalho, as mulheres ganham menos. Mesmo assim tem crescido o número de casais sustentados pelo “sexo frágil”.
Sem querer parecer reacionário, por outro lado, vejo que o Brasil tem uma alta carga tributária mesclada com serviços básicos como educação, saúde e transportes pessimamente prestados à população. Leis trabalhistas justas para quem recebe, mas ferozes contra quem gera empregos e paga a conta. Como a maioria das empresas brasileiras – e as que mais geram empregos – são micro, pequenas e médias, há de se considerar muita matemática antes de contratar uma mulher que além do salário, do décimo terceiro, das férias, do FGTS, do Pis/Pasep, dos abonos, ainda corre o risco de engravidar e deixar o emprego vago por 4 meses. Demanda e oferta são simples regras que regem mercados. O móvel do capitalismo é o lucro. Negar isso é tampar o sol com a peneira, sem filtro solar.
As mulheres sofrem violência física em seus lares e sexual nas ruas, se prostituem, sofrem assédios nos seus trabalhos. Ainda existem sérias, tristes e arraigadas idéias sobre suas