Quando pensamos em cargos de gerência, diretoria e alto escalão nas empresas, qual a imagem vem à nossa mente? Os homens estão em maior número na liderança das empresas e num relatório sobre as disparidades profissionais entre homens e mulheres divulgado pelo Fórum Econômico Mundial (FEM) o raio-x destas desigualdades mostram que de 142 países monitorados, o Brasil está na 71ª. posição de desigualdade. E segundo o estudo levaremos OITENTA E UM anos para equiparar o jogo.
Precisamos falar sobre isso.
Quais as políticas e iniciativas que vem sendo realizadas para abrir espaço para as mulheres nos cargos de liderança das empresas? No Brasil detemos 85% do pode de compra no mercado, somos maioria nos bancos das universidade e dos empreendores, as que mais mantêm a empresa aberta e sustentável após seus primeiros anos de risco.
Este números não podem ser ignorados.
Estereótipos estabelecidos pela sociedade que dizem que nós mulheres não temos a força dos homens para liderar ou sua agressividade, insistem em perpetuar a reprodução de padrões e isso vai acontecendo gestão após gestão. Temos de desassociar a liderança apenas da figura masculina e fazer com que as empresas compreendam o que estão perdendo em resultados com a diversidade e equidade de gênero.
O feminino tem poder.
Precisamos acabar com o preconceito de gênero e os homens têm de se envolver e participar desta iniciativa. Esse não é um papo romantizado: LIDERANÇA FEMININA GERA LUCRO. Aliás, este foi o tema do evento que participamos nesta terça-feira, 30, realizado pela ONG brasileira W.I.L.L. – Woman in Leadership in Latin America, que reuniu executivos líderes de grandes empresas para discutir sobre o assunto.
Conversei com a presidente da ONG no Brasil, a advogada Dra. Silvia Fazio, sobre esta iniciativa e quais serão as tomadas de ação da W.I.L.L para que efetivamente o discurso torne-se ação efetiva dentro das empresas, afinal, apenas 8% dos cargos de alto escalão no Brasil são ocupados por mulheres. Segundo Silvia, a ONG atuará de forma bastante engajada junto às empresas, para que os executivos entendam que colocar mulheres na gestão das empresas traz resultados positivos para a companhia, tanto em números, quanto em clima organizacional, já que a diversidade contribui para o crescimento e troca de experiências importantes para uma equipe. Para ela não conseguiremos avançar e melhores estes indicadores se os homens estiverem de fora da conversa, até porque hoje eles estão nas posições de decisão das empresas.
“Queremos que a discussão se estenda a todos os gêneros, trazendo cada vez mais, homens para discutir a questão, tendo em vista que são eles, ainda hoje, por ocuparem os principais cargos de comando nas empresas, que decidem se e quando uma mulher pode ou deve ascender na hierarquia da empresa. Hoje as mulheres têm somente 28% das chances que os homens para atingir uma posição de liderança ao longo da carreira e, ainda assim, demoraria cerca de 117 anos para se atingir uma paridade. Não se pode esperar tanto tempo.”
A ONG estará dentro das empresas realizando diálogos com executivos de alta gestão e realizando auto avaliação das mesmas para que possam ser construídos programas de equidade e capacitação para oportunidades das mulheres nos cargos de liderança e alta gestão das empresas. Silvia levantou uma questão muito importante e que estamos falando há anos:
“Este debate está longe de ser um assunto de minoria, afinal, nós, mulheres, somos a maior parcela da população. O que falta, então, para enxergarem isso e darem às mulheres as mesma chances que os homens?”
Estamos vivendo nos últimos três anos um momento importante para nós mulheres. Retomamos e intensificamos as agendas sobre feminismo, empoderamento e igualdade de gênero. Acendemos a luz para questões que tínhamos restrições em fazer, que nos intimidava. Por que não podemos estar em maior número nos cargos de liderança em qualquer que seja o setor? Por que ainda temos de provar mais e mais para assumir um cargo de liderança em uma empresa?
Por que as empresas andam adotando discursos de empoderamento e diversidade e ainda não têm em suas iniciativas o empoderamento de suas colaboradoras? É preciso ação!
Silvia concorda que o engajamento do CEO é fator importante , pois é ele que sinaliza para a organização a necessidade de mudança e pode acelerar este processo.
Seja por cotas, por iniciativas positivas, mudanças culturais da empresa, entre outras ações, é preciso transformar o discurso em ações reais e no evento os mais de 240 executivos, maioria de empresas financeiras, se mostraram dispostos a colocarem esta pauta em suas agendas, certos de que a não inclusão das mulheres nos cargos de liderança de suas companhias irão fazer com que os mesmos percam resultados importantes e por que não dizer reputação, não é? Até porque a sociedade está atenta a empresas que realmente praticam seus discursos e têm propósitos e legados. Empresas que não buscarem igualdade de gênero e agirem positivamente de dentro para a fora da companhia estão fadadas ao fracasso. Esta é uma tendência mundial e que bom que estamos participando desta transformação.