O dia foi tenso. Mas, o que é um dia tenso comparado ao prazer de desfrutar da companhia de uma mulher maravilhosa? Sim, foi o que eu pensei. E por incrível que pareça, eu estava certo. Sou mais errado que o incerto quando não é pra acontecer. Mas, nesse dia permaneci certo. Ela me pareceu bem humorada. Confesso, o que me chamou mais à atenção foi o vestido. Colado. Bem colado, fazendo com que todas as curvas extraordinariamente exuberantes ficassem de uma forma tão incrível ao ponto de me sentir um cara de sorte.
Vestido discreto? Não! Desenhado por alguma deusa mitológica, que certamente sabia como seduzir um homem. Talvez fosse isso que ela queria. Sim, foi o que eu pensei. Senti que estava prestes a descobrir o que ela realmente queria. Já falei que estava sentado em uma mesa de marfim com design personalizado, criada por algum cara que passa o dia desenhando coisas? Pois bem, essa era a mesa do jantar. O lugar muito bem frequentado por pessoas nada sociáveis. Diferente do cara que desenha coisas, as pessoas daquele lugar desenham artimanhas e projetos para tirar o dinheiro e projetos de outras pessoas.
Poderia dizer que o local era politicamente habitado. Imaginei como seria minha vida se eu estivesse naquele Armani que um cara barbudo usava. Sim, foi o que pensei. Mas não estava ali pra isso. Fui apenas pra comer. Comer com uma mulher. Quem sabe depois fazer o mesmo com ela. Acredito que ela pensou o mesmo. Quando ela começou a falar eu me calei. Calei-me porque nunca ouvi tanta sinceridade. No meu olhar quase que 43, estava o decote. Na imaginação, o vestido. O vestido no chão do meu quarto. Longe daquele lugar, longe daquela mesa. Se bem, que a mesa aguentaria o peso de nós dois. Depois disso imaginei os dois ao chão. Assim como o vestido. Tudo isso enquanto ela falava.
Escutar uma mulher falar é uma das armas que nem todos os homens sabem usar. Consegui usar. Enquanto ela contava histórias de amor e terror, com sua voz na oitava nota, eu ficava apenas imaginando qual seria a cor. Se ela estava de vestido, fiquei imaginando a cor. Seria muita cara de pau olhar por de baixo da mesa? Ou seria uma tremenda cara de pau perguntar olhando nos olhos dela, sorrindo, pra ver suas bochechas ficando rosadas? Sim, foi o que fiz. Perguntei. Ela respondeu: “branca”. De rendinha? “Sim”.
Aquilo que parecia ser a maior cara de pau já realizada, nos levou para outro tipo de conversa. Já falei que o jantar que pedimos estava atrasado em exatamente uma hora e quarenta e cinco minutos? Afinal, o que são legumes perto de uma obra prima de chocolate com morango bem na minha frente, com um vestido rosa chá e um decote que exalava um cheiro que minhas narinas desconheciam? Cheiro doce. Com certeza aquelas duas frutas estavam maduras e doces. Frutas que cabiam na minha mão. Belas frutas. Não me atrevi a perguntar a cor da rede que segurava as duas frutas, porque o decote já estava revelando tudo que precisava saber.
Tudo isso enquanto ela falava. Mudava de assunto quase que instantaneamente. E agradeço até hoje o garçom atrasado com nosso jantar. Não fosse ele, jamais teria escutado histórias como: “gosto de dormir assim…” e “minha maior fantasia é…” ou “já me vesti de…”. Obrigado garçom, seja lá quem você for. Notei que não prestava tanta aten&