Os filmes de super-heróis, os novos games e as séries como The Walking Dead, Game Of Thrones e The Big Bang Theory tiraram a cultura nerd da posição de “esquisita” para “cool”. Hoje, ser nerd é legal, é saber tudo sobre a série do momento, as trilogias de Star Wars e a obra de George RR Martin. Mas não é um clube para meninas.
Que o diga Gabriela Franco, jornalista e produtora, especializada em cultura pop e HQs. Gabi sempre frequentou fóruns e grupos de internet para saber a opinião do público nerd sobre as revistas e filmes e isso mostrou para ela o lado negro da força: a misoginia nerd.
“Tinha de sabatina para saber se eu ‘era mulher mesmo’ até ‘carteirada nerd’ para testar meus conhecimentos na área”, afirma Gabi. Depois de muito estresse, brigas e expulsões de grupos por sua postura contestadora, Gabriela decidiu criar um grupo só para mulheres com uma página no Facebook, o MinasNerds.
“Cansei. Devia haver mais mulheres que curtissem discutir sobre HQs, RPG, Games, Cosplay, filmes e séries e outras nerdices, como eu. Criei o MinasNerds e LOTOU de mulher. Hoje, ultrapassamos as MIL mulheres, em apenas 6 meses. Crescimento puramente orgânico. Nossa fanpage tem mais de 2 mil likes e contando”, comemora Gabi.
O grupo é administrado pelo Conselho Feminâzgul, numa brincadeira com o termo depreciativo “Feminazi” e os “Nâzgul”, vilões do Senhor dos Anéis. Além de Gabriela Franco, fazem parte do Conselho a gamer Nathalia Eleutério, a designer e ilustradora Cecilia Favo de Mel, a profissional de marketing Kelly Cristina Nascimento, a escritora Paola Rodrigues,a designer digital e jornalista de games Beatriz Blanco, a doutoranda em Estudos Estratégicos Tamires Santos Pessoa, a jornalista Thais Aux e a designer, ilustradora e Cosplayer Dandi Le Pirate.
Segundo Gabriela, “o grupo se tornou um porto seguro onde as mulheres podem exercer sua nerdice de forma segura, com sororidade e empatia.” Gabriela sabe muito bem quão difícil o meio nerd pode ser para uma mulher: “Sempre fui A ÚNICA mulher em debates de HQ, mesas, bancas, conversas, podcasts, videos… era muito difícil encontrar mulheres e fazer com que elas se manifestassem. Já tive que ouvir MUITA abobrinha de chefes e colegas, já tive MUITO trabalho boicotado.”
O relato lembra o caso da jornalista Ana Paula Freitas, que a gente contou aqui. Ao fazer uma reportagem sobre machismo nos fóruns e chans gamers, ela passou a sofrer ameaças e teve até que sair de casa por um tempo, orientada por advogados.
Usando a cultura Nerd para combater preconceitos
O MinasNerd tem muito do que se orgulhar. Além de abrir um espaço de discussão livre de agressividade, o coletivo já tem ações de impacto positivo, como a sua participação na FestComix, em julho de 2015.
As meninas do grupo foram responsáveis por 10 mesas de discussão totalmente planejadas e compostas por mulheres, com temas que foram desde Mulheres nas HQs a LGBT no mundo nerd, ciberbullying, Mães Nerds, Mulheres e Games, Mulheres e RPGs, Workshops de podcasts e videocasts. O estande do MinasNerds recebeu uma média de 200 pessoas por dia, em um espaço inédito para a mulher.
Na nossa conversa, Gabriela conta que muitas das participantes do grupo enxergam o coletivo como “um local no qual elas se sentem seguras, abrigadas, abraçadas”, mas que ele é muito mais que isso.
“O Minas não é só um grupo ‘de ajuda’ para mulheres. É um coletivo, um hub de negócios e serviços no qual o GRANDE objetivo é fazer com que seus membros consigam VIVER do que produzem. Somos roteiristas de HQ, criadoras de RPG e games, programadoras, engenheiras, designers, jornalistas, médicas, biólogas, farmacêuticas, publicitárias, acadêmicas, tem de TUDO. E nosso intuito é fazer com que cada uma que trabalha ou quer trabalhar para o mercado geek e nerd, tenha seu SUSTENTO vindo dele. Consiga emplacar seus trabalhos.Ganhe protagonismo e que o empoderamento venha através dessa ocupação econômica e social da mulher nesse nicho específico. Somos um celeiro de talentos. Você precisa de alguma profissional, mulher para o mercado nerd? O MinasNerds tem.”
Agora, os planos do MinasNerd envolve a estreia de um site próprio em outubro, além de parcerias com marcas e editoras. Segundo Gabriela Franco “Vocês ainda vão ouvir falar muito do MinasNerds. O plano é esse.”
J’en profite pour dire que je ne vois aucun &lobao; proqlème &raquu; avec Valérie T., au contraire j’aime son style de plus en plus. Non, le vrai problème c’est son compagnon ! Tiens ! ça me rappelle quelque chose……