ONU Mulheres define mulheres na liderança contra a covid-19 como tema do Dia Internacional da Mulher 2021

Imagino que você também não gosta de ganhar aquela rosinha vermelha meio murcha e embalada em plástico, que marcas e escritórios distribuem nas ruas ou em locais de trabalho a cada Oito de Março, o Dia Internacional da Mulher. Nada contra ganhar flores, diga-se, ato que é visto como prova de afeto em todo o mundo.

 

 

O pensamento é mais assim: não me dê flores, me dê as mesmas oportunidades e segurança que homens têm. Esse pensamento está presente na cabeça das mulheres, a cada Oito de Março e em todos os dias do ano. A simbologia da florzinha distribuída nas ruas não pode, de forma alguma, diminuir a importância que a data carrega.

 

O Oito de Março tem contexto histórico: a data, oficializada pela ONU em 1975 é um dia global que celebra as conquistas sociais, econômicas, culturais e políticas das mulheres, e tem origem nos movimentos das mulheres trabalhadoras na Europa e América do Norte no começo do século passado. A socióloga Eva Blay, pioneira nos estudos sobre os direitos das mulheres no país, em entrevista para a BBC Brasil, cita a criação de um Dia da Mulher no calendário anual como demanda de movimentos sindicalistas e socialistas para “que houvesse um momento do movimento sindical e socialista dedicado à questão das mulheres”. O Dia Internacional da Mulher é hoje um evento global, que pertence a todos os grupos de forma coletiva, não é específico de nenhum país, raça, grupo ou organização.

 

Muito mudou nesse tempo, é claro. Na maior parte do mundo (mas não todo!) hoje mulheres podem, por exemplo, votar – no Brasil, desde 1934. Podem casar e se divorciar e serem titulares de contas de banco. E podem viajar sem autorização — direito conquistado pelas mulheres brasileiras apenas em 1964!

 

Muito ainda há que mudar. E é urgente! Só para ficar no tema mercado de trabalho: mulheres em cargos de liderança em empresas são exceção. Segundo pesquisa da Catho de 2019, mesmo as mulheres em posição de liderança ainda ganham cerca de 23% a menos que homens nos mesmos cargos, mesmo entre as que têm maior grau de escolaridade. Quando a diferença é entre um homem branco e uma mulher negra, essa diferença pode chegar a mais de 50%. E no poder público, também. O Instituto Alziras, organização criada para desenvolver ferramentas que contribuam com o aumento da participação das mulheres na política brasileira, lançou em 2020 uma pesquisa com o perfil das mulheres prefeitas em todo o Brasil. Os dados mostram que as mulheres prefeitas são poucas e governam os municípios menores e mais pobres, tendo mulheres negras, que são 27% da população, em apenas 3% das prefeituras país afora.

Ao contrário dos Oito de Março de quando eu era adolescente, nos anos 1990, hoje a data hoje carrega simbologia de luta e união. Por isso, em 2021 a ONU Mulheres definiu que o tema do Dia Internacional da Mulher desse ano é “Mulheres na liderança: Alcançando um futuro igual em um mundo de COVID-19”. Segundo a organização, as mulheres estão na linha de frente da crise da COVID-19:

 

“São profissionais de saúde, cuidadoras, inovadoras, organizadoras comunitárias e algumas das líderes nacionais mais exemplares e eficazes no combate à pandemia. A crise destacou tanto a centralidade de suas contribuições quanto os fardos desproporcionais que as mulheres carregam.”

 

 

No Oito de Março de 2021, preste atenção na luta das mulheres que estão ao seu redor. Deixe-as saber que você as admira. E leve com você essa inspiração todos os dias do ano.

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