Profissionalizar e capacitar os confeccionistas do agreste pernambucano é um “trabalho de formiguinha”, afirma o designer e professor de moda do Senac, Luiz Clério que, em parceria com o Sindvest, Sebrae e Senai, ministra cursos e dá consultoria no polo produtor da região. Ele é um dos profissionais que auxiliam as empresas presentes na 11ª Rodada de Negócios da Moda Pernambucana, realizada entre 16 e 18 de março, em uma rede de iniciativas que visa desenvolver ainda mais o polo.
“Hoje nós fazemos um trabalho que vai desde a conceituação da marca, passando pela segmentação de mercado até a pesquisa de tendências”, explica. Os treinamentos têm mostrado bons resultados, mas a jornada é lenta. Aos poucos, os expositores estão entendendo que precisam profissionalizar seus processos e entender o que o consumidor quer. “Não adianta ele querer vender camisetas com estampas do mestre Gaudino no Rio Grande do Sul. Ninguém vai entender”, justifica.
Um dos maiores exemplos de que a mentalidade está mudando é a forma de apresentação da publicidade. Muitas marcas têm investido em catálogos bem feitos, com produção de moda, bons fotógrafos e modelos com experiência no mercado. “Antes, havia aquela coisa de chamar a filha da amiga para usar as roupas, e o vizinho que tinha uma câmera para fotografar”, diz o designer.
Essa mudança de comportamento também é percebida ao se percorrer as araras da Rodada. O ambiente é um pouco diferente de uma feira. Possui um showroom separado, onde as peças ficam expostas, e os lojistas podem olhar e tocar com tranquilidade. Quando se interessam por uma coleção, são conduzidos a outro ambiente, no qual podem negociar com os fornecedores.
Alguns produtos chamam atenção, seja pela originalidade da proposta, pela leitura das tendências ou pela qualidade do acabamento. A Algodoeiro Eco Fashion, por exemplo, utiliza apenas fibras coloridas naturalmente, desenvolvidas pela Embrapa. As cores de todas as peças são naturais, não há nenhum tingimento químico. São blusas, vestidos, camisetas, femininas e masculinas, que trazem o apelo ecológico em modelagens bem atuais.
Outra que se destaca é a YKS. Romântica, a marca investiu em uma coleção rica em tule, renda e bordados delicados em peças bem femininas. Já a Hemera dá um apelo mais casual aos corselets. A marca criou uma versão mais contemporânea da peça, que se assemelha a uma blusa, mas ganha barbatanas para sustentação e fechamento em colchetes. O resultado é muito interessante.
Estrelita atua no segmento infantil com roupinhas muito delicadas. As peças abusam de tons pastel e estampas discretas em motivos infantis. O destaque também fica por conta do acabamento, muito bem feito.