Cozinhar é um ato de amor. Eu li esta frase e achei fofa, mas depois de conhecer pessoalmente a Chef Carla Pernambuco, percebi que esta frase não só faz todo sentido, como reflete muito sobre ser apaixonado pelo que se faz e transformar isso em algo encantador.
A Carla Pernambuco faz isso. Encanta. Ela é do tipo de pessoa que a gente tem a sensação de ter conhecido há anos, mesmo que sejam minutos. Daquelas mulheres espontâneas, cheia de energia boa e sorriso que aproxima a gente. Mulher real. Sem frescura e cheia de talento.
Cinquenta anos. Três casamentos. Três filhos. Blog. Restaurantes. Livros. Palestras. Viagens. Eventos. Programa de TV na Discovery H&H. Ufa! Quando li este trecho no livro “Diário da Cozinheira” imediatamente entendi tudo: essa mulher é do balacobaco!
A Carla se casou cedo, se formou em artes cênicas e comunicação e só depois decidiu embarcar na gastronomia e transformar sua paixão em business.
Hoje ela combina todas estas experiências em seus pratos e negócios. Em sua vida. “A comida é uma combinação de memórias, viagens, inteligência, leituras e conversas”. Quando perguntei à ela como havia conciliado a maternidade ainda jovem, com a profissão, ela respondeu de forma linda e objetiva: “com muito trabalho e talento. Filho nunca é problema, é fato consumado…é família. O segredo é pensar na frente, planejar-se e estruturar- se.”
E foi exatamente o que ela fez. Transformou seus Planos em delícias à mesa e opções democráticas. O Carlota, seu primeiro restaurante está comemorando vinte anos de existência e segundo a Chef seu conceito se alinha com a ideia de uma cozinha multicultural, afetiva, revisitada e muito rica em ingredientes e temperos. Comida sem afetação, com elegância e sutileza.
Já o Las Chicas tem o conceito da boa comida, acessível ao dia-a-dia. Mesmo padrão de qualidade que prático em ambiente sem luxo e aconchegante. É o conceito de “Gourmet Garage”.
O Clementina é o PF do dia. Descolado, jogo rápido, três opções diárias de comida com gosto de casa. Operação simplificada oferecendo uma refeição completa e saborosa no local ou uma quentinha pra levar a um preço super em conta.
Seu último Plano foi o lançamento do Pomarola Chef, um molho de tomate criado por ela e que leva seu nome. <3
Quando perguntei à ela qual a receita da felicidade, ela me respondeu que era perceber ao final do dia que havia dado o seu melhor. Uma resposta inspiradora e que explica o sucesso desta Chef de mil e umas facetas. Fiz um ping-pong com ela para nos inspirar ainda mais com suas experiências de vida. Só ler, aprender e se inspirar.
Por que saiu da comunicação? Como foi esta virada de chave na profissão?
“Eu nunca saí da Comunicação, defino sempre minhas estratégias de mídia e, quando consigo (sobra um tempinho), faço minha própria assessoria. Não sei se houve virada de chave – não tenho botão de clic – as coisas vão se construindo na direção que se olha.”
Como foi a experiência de trabalho com o Nizan Guanaes e a Joyce Pascovitch na comunicação?
“Foi excelente, ambos tem estilos marcantes e muita vivência, me ajudou a descobrir meu próprio estilo.”
Como a arte dramática e a comunicação te ajudam nos negócios?
“As artes dramáticas, me fascinam desde pequena e acabaram me ajudando fora dos palcos, seja em palestras, cursos, consultorias e nas minhas aparições no Cabo e na Web, as experiências pontuais em comunicação me permitem gerenciar de um ponto de vista mais abrangente.”
Como você se descobriu na cozinha?
“Não me descobri, sempre me senti muito a vontade. Num determinado momento, a cozinha apareceu como um job interessante, que reunia muitas das coisas que eu gostava e sabia fazer.”
Como define sua veia empreendedora? O que é preciso para acreditar no próprio negócio?
“Empreender é desejar. É o desejo de realizar e o prazer que isso dá. Para acreditar no próprio negócio, tem que ser empreendedor.”
Existe uma receita para o sucesso?
“Conheço várias, mas não acredito em nenhuma. O que existem são relatos – “cases” – de alguém, que é de determinado jeito e estava num determinado lugar …. é individual.”
Qual foi a maior dificuldade para empreender? Teve vontade de parar tudo e voltar pra comunicação? Por quê?
“Num país como o Brasil, empreender é penoso, muita burocracia, muitas taxas, leis trabalhistas obsoletas, logística complicada … isso tudo aumenta o custo de qualquer coisa que se queira fazer, os custos aumentam e para manter a qualidade (coisa que não abro mão) é necessário fazer muitos malabarismos. Ultimamente não tenho tido, sequer, tempo para ter vontade de largar tudo. Muito menos pra voltar pra traz.”
Como você enxerga o ambiente da cozinha dentro de uma casa?
“Lugar de confraternização afetiva.”
Qual seu prato preferido?
“Sempre o último que criei.”
Qual a melhor receita para a felicidade?
“Terminar o dia com a sensação de que dei tudo de mim.”
Muitas cores e sabores para você, Carla Pernambuco! <3
Fotos: Rômulo Fialdini e Jr. Duran