Por Leila Fernandes, 49 anos
Tudo começou em meados de novembro de 2017, quando eu estava me preparando para entrar no banho e minha filha mais nova percebeu que eu estava com uma espécie de caroço no seio direito que o deixava imerso, afundado à minha pele.
Eu sempre fui uma mulher muito prática, dinâmica, com várias coisas para fazer e por isso não costumava fazer o autoexame nas mamas, não era algo rotineiro para mim e não o tinha percebido até então.
A partir desse dia, comecei a imaginar o que poderia ser aquele caroço, me bateu um pouco de preocupação, mas não demorei muito para tomar a iniciativa: na mesma semana fui ao posto de saúde, realizei uma mamografia e com o resultado, já fui encaminhada para uma médica mastologista do Hospital Pirajussara, em São Paulo.
Já havia uma grande suspeita de ser um câncer de mama e, nesses casos, o mastologista do hospital mais próximo é quem segue com o caso.
Logo na primeira consulta com a médica mastologista, ela analisou a minha mamografia, manteve a suspeita de câncer por conta da gravidade e tamanho do nódulo e por isso me indicou a cirurgia para realizar a biópsia e termos a certeza do diagnóstico.
Dias depois, ainda no mês de novembro de 2017, veio o temido resultado, era mesmo um tumor maligno.
A notícia foi dada pela própria médica que estava acompanhando todo o meu caso e eu estava sozinha. Naquele momento, meu mundo desmoronou por um instante. Pensei em toda a minha vida: nos meus quatro filhos, nos estudos que eu havia retomado, no emprego que eu havia conseguido em uma escola da região de Embu das Artes-SP e muitas outras coisas.
A descoberta foi um momento de tristeza, angústia e medo do que estaria por vir, mas, ao mesmo tempo, de muita força espiritual, esperança e fé, o que me dava a certeza de que eu venceria essa etapa.
Eu continuava indo às consultas com a mastologista para acompanhar o meu desenvolvimento pós-cirurgia e evitar qualquer metástase do tumor para outra área do meu corpo. Dois meses depois da 1ª cirurgia, a médica sugeriu que eu fizesse uma última intervenção, apenas para ter a certeza absoluta de que o tumor não era invasivo e que eu poderia iniciar as sessões de quimioterapia sem quaisquer suspeitas.
Aceitei a sugestão e em janeiro de 2018 fui novamente para a sala de cirurgia, onde houve a retirada quase completa do meu seio direito. Aos poucos fui me recuperando das cirurgias e me fortalecendo psicologicamente para, em cerca de dois meses, iniciar o tratamento.
Já nas primeiras sessões de quimioterapia, o meu cabelo começou a cair. Eu sentia muito enjoo de cheiros e comidas, mal-estar, nervosismo em excesso, entre outros efeitos colaterais, mas contava com a ajuda da minha família, principalmente minha mãe e meus filhos, que me apoiavam muito nessa fase. Ao todo foram 12 sessões de quimioterapia, onde eu aprendi que a esperança e a fé formam o poder da superação.
Em agosto, as quimioterapias terminaram e, a partir de 27 de setembro, dei início às sessões de radioterapia, considerada a fase final do meu tratamento. A previsão de término de todos os processos é em novembro deste ano.
Agora que a maior turbulência já passou, eu vejo que o câncer de mama fez com que despertasse em mim uma força que eu mesma nem conhecia. Uma força pela vitória da cura, sabendo que eu ainda tenho muita coisa para viver e experimentar junto das pessoas que amo.
Continuo estudando Pedagogia (cursando o último semestre) para seguir o meu grande sonho, que é lecionar para crianças. Estou em busca em recolocação no mercado, também me preparando para ser avó pela segunda vez e tentando tirar outras ideias do papel, seguir em frente!
Enfrentei e enfrento tudo isso com um grande sorriso no rosto, muita fé no coração e a certeza de que tudo acontece para um propósito maior.
Para as mulheres que receberam o diagnóstico de câncer de mama, minha grande dica é: não se desespere. Tenha força, não ache que a vida acaba ali, ouça somente as pessoas que te amam verdadeiramente e que permanecem ao seu lado e, principalmente, sorria muito! Esse é o melhor remédio.