Paula Bellizia é presidente da Microsoft Brasil desde 2015. Antes de virar CEO, ela já trabalhava na gigante de tecnologia há 10 anos, ocupando outra posição. Formada em Computação e Ciência da Computação na Universidade Estadual de São Paulo (UNESP), Paula fez pós-graduação em Marketing na ESPM e MBA na USP.
Ela começou a carreira trabalhando na Whirlpool, empresa especializada na produção de eletrodomésticos e por lá ficou por sete anos. Depois, foi gerente de produtos na Telefônica, antes de ir para a Microsoft, onde permaneceu entre 2002 e 2012. A partir daí, Paula dedicou-se a outras empresas de tecnologia: ocupou posições de destaque na Apple Brasil, no Facebook na América Latina e acabou, voltou à Microsoft. Dessa vez, como uma das mulheres CEOs de destaque. A primeira mulher a comandar a Microsoft no Brasil. <3
Hoje, seu foco na gigante da tecnologia, é entender como os jovens lidam com comunicação, empoderamento e uso de vídeos: “A gestão não pode mais ser pesada. Eu quero que as pessoas olhem para a Microsoft e para as empresas A, B e C e decidam estar aqui.”
Paula no comando da Microsoft tinha um plano: gostaria que as pessoas vissem a empresa como “cool” de novo. O que não era fácil por conta da imagem de intransigência que a empresa ganhou ao longo dos anos por defender o Windows, seu próprio sistema operacional, criando dificuldades para que ele fosse rodado ou conversasse com outras plataformas. Pois é, Paula conseguiu fazer com que isso se tornasse realidade. Ela chegou a subir ao palco de um dos grandes eventos da Apple, em São Francisco, para falar sobre o Office para iPad. Desenvolvedores agora têm acesso ao API, o código de instruções de programação do Windows. Assim, podem adaptar aplicativos do iOS (o sistema operacional da Apple) para a plataforma da Microsoft.
Não é dúvida pra ninguém que a área de tecnologia ainda é predominantemente masculina e Paula sentiu que essa diferença é algo determinante para que as mulheres ingressem na profissão. “A diferença do número de meninos e meninas na minha sala da faculdade já sinalizava que não havia representatividade feminina na área da tecnologia. Lembro que quando entrei na faculdade éramos apenas seis mulheres, num ambiente de mais ou menos 40 alunos. Tive ótimos exemplos de mulheres no meu curso, mas quando entrei no mercado de trabalho, vi que era uma área predominantemente masculina. Isso é uma característica histórica, as áreas tecnológicas sempre foram vistas como sendo muito masculinas.”
“Desde aquela época, meninas simplesmente eram obrigadas a aceitar como verdade a imagem de que esta não era uma área para elas, sem de fato conhecer para ver se elas teriam ou não interesse e se seriam ou não boas profissionais nessas áreas. Isso se reflete na formação nas universidades, onde temos poucas mulheres optando pelo estudo nestas profissões.”
“Essa é, inclusive, uma das razões pelas quais temos programas voltados para a formação de mulheres na computação, como o programa Eu Posso Programar para Meninas, que tem o objetivo de atrair e treinar jovens para a área de programação.”
Sobre sua carreira, Paula sempre teve planos de alcançar lugar de destaque em uma grande empresa como a Microsoft. Ela queria ser uma mulher na qual outras mulheres se inspirassem e pudessem saber que era possível realizar seus planos: “Sempre tive o sonho de liderar uma empresa para ter a oportunidade de gerar impacto nas pessoas e na sociedade. Queria que fosse na Microsoft pelo propósito da empresa, com o qual sempre me identifiquei e agora ainda mais, porque toca todas as pessoas e organizações no planeta com empoderamento por meio da tecnologia. Desde que entrei, adotamos o conceito de Growth Mindset: não sabemos tudo e podemos aprender sempre, todo os dias. Tenho aprendido muito com os funcionários, com nossos parceiros e clientes. Outra grande realização é contribuir para o desenvolvimento do país com o que chamamos de Jornada Empreendedora, um conjunto de muitas iniciativas da Microsoft de acesso à tecnologia para criar oportunidades para os jovens, apoiando a educação desde o ciclo básico, ao empreendedorismo, desde o momento em que a empresa é só uma ideia até um apoio financeiro para startups já estruturadas.”
Para conquistar seu espaço Paula diz que a filosofia da empresa foi muito importante. Enquanto vemos empresas que descartam mulheres cheias de talentos por conta de gravidez ou filhos, para ela aconteceu exatamente o contrário: “Na mesma época em que engravidei da minha filha, fui selecionada para ser diretora de Marketing e Planejamento Estratégico aqui na Microsoft. Eu estava com seis meses de gravidez e o responsável pela área na época acreditou que eu poderia substituí-lo por três meses enquanto ele realizava seu sabático. Isso me trouxe muita confiança e a chance de aprender. Na volta da licença-maternidade, assumi a posição permanentemente.”
Planos? Paula tem vários, mas um deles é especial, mostrar que a diversidade é algo extremamente importante para o sucesso da empresa e para o bem-estar de seus colaboradores: “Minha meta é, na verdade, refletir a diversidade de nossa sociedade dentro da empresa. Diversidade e inclusão é um atributo de nossa cultura e prioridade para a Microsoft. Diversidade para nós não é apenas gênero, nem mesmo raça, orientação sexual e identidade de gênero ou pessoas com deficiência, nossa visão é mais abrangente, incluindo diversidade de perfis e de experiências. Precisamos de uma equipe diversa para gerar mais criatividade e inovação, que irá desenvolver os produtos e serviços que o mercado precisa. E, neste contexto, precisamos ter uma cultura inclusiva para que todos os talentos se sintam motivados a participar e contribuir para a evolução da empresa. Com esse objetivo, criamos um comitê que possui quatro pilares – Mulheres na Microsoft, Blacks at Microsoft, LGBT e Pessoas com Deficiência. Em todos os pilares, são trabalhadas duas frentes: atração (recrutamento) e retenção (desenvolvimento e oportunidades de carreira). Em termos de diversidade de gênero, fico feliz pelo trabalho realizado com o recrutamento de estagiários e já vemos resultado: do grupo total, cerca de 50% de mulheres. Com isso, temos uma boa base para desenvolver profissionais de ambos os sexos e tornar natural o aumento do número de mulheres na Microsoft. Outra ação para aumentar o número de mulheres na empresa foi uma política que definiu que em todos os processos de recrutamento devemos ter pelo menos uma mulher entre os candidatos finalistas. Isso não garante a contratação, porque escolheremos o melhor profissional para a vaga, mas significa que elas terão uma chance real, serão seriamente consideradas para todas as vagas e os recrutadores precisam ir mais longe na busca por talentos. Outro efeito positivo disso: dos executivos que respondem diretamente a mim, 50% são mulheres, sendo que duas são vice-presidentes.”
Planos ambiciosos e incríveis, né? Nós amamos conhecer mais sobre a história incrível da Paula, a primeira mulher CEO da Microsoft no Brasil. Claro que tem muitas histórias de mulheres incríveis espalhadas por aí e queremos contar todas elas aqui. Então, manda pra gente histórias de mulheres inspiradoras que logo ela pode aparecer aqui.