Na quarta-feira, dia 27, a cantora de sertanejo Paula Fernandes participou do programa “Encontro com Fátima Bernardes”. O tema da conversa entre ambas foi violência obstétrica, isto é, agressões cometidas durante o parto, seja ela física ou verbal.
O início foi conturbado pela resposta que a cantora deu para a seguinte pergunta da apresentadora: “É um momento que te causa uma certa preocupação, Paula, você que ainda não é mãe?”. A pergunta em si já emociona por tratar tanto futuro quanto o ‘instinto materno’. Logo, o que a cantora respondeu foi:
“A mulher já é sensível por natureza, né? Então obviamente chega esse momento delicado de você colocar uma vida no mundo… você está arriscando a sua vida, a vida do bebê e ser tratada dessa forma. Eu fiquei chocada com os depoimentos”
Puxando a definição de sensível no dicionário, temos: “Dotado de sensibilidade, tendência natural para responder a estímulos físicos.”
Quando comparamos a frase de resposta da cantora, especificamente o uso do termo “sensível” referindo à mulheres, com o significado do mesmo, ela dá créditos a discursos típicos do machismo.
O discurso mais comum atualmente é o de que a mulher é o sexo frágil, são sensíveis e inferiores aos homens. Não foram essas as palavras que Paula utilizou mas ao atribuir a somente mulheres o caráter sensível, que homens também possuem, cria-se automaticamente uma escala de fragilidade, colocando mulheres no topo.
Precisamos lembrar que uma mulher que, como ela mesma disse, arrisca a própria vida para gerar outra, possui muita: coragem, compaixão, força, altruísmo… O corpo pode até passar por mudanças que o fragilizam, mas a mulher permanece forte em sua condição.
Então, Paula Fernandes, quando for falar de mulheres, utilize bons adjetivos, isso faz parte da sororidade. Se nós não nos valorizarmos e fortalecermos, por que homens fariam? E aliás, quando citar “frágil” ou “sensível”, que seja para falar da masculinidade!