Ela foi a primeira braisleira a palestrar no TED e agora corre atrás de financiamento coletivo para manter aberto seu laboratório.

Suzana Herculano-Houzel é a neurocientista que dirige o Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ e criou a campanha no site Kickante Contribua com a pesquisa científica do Brasil.

Por conta da escassez de recursos do governo, ela precisa arrecadar pelo menos R$ 100 mil até o fim de novembro, para custear o Laboratório de Neuroanatomia Comparada pelos próximos cinco meses no mínimo.

“A minha maior preocupação é garantir o fechamento do mestrado e doutorado dos estudantes que estão agora no laboratório, sem ter que mandar ninguém embora nem interromper o andamento das pesquisas”, explica Suzana em entrevista ao Globo.

Há um ano o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) aprovou verba de R$ 50 mil para financiar pesquisas por três anos, mas foram liberados apenas R$ 6 mil.

Nos últimos meses, Suzana vem bancando parte dos custos do laboratório com o próprio bolso e já investiu lá mais de R$ 25 mil.

“Apenas para publicar um artigo em uma revista científica foram R$ 4 mil. Duas peças para microscópio quebraram, mais R$ 4 mil. Os custos vão se somando e se tornam insustentáveis”, diz Suzana. “Fico imaginando como deve estar a situação de pesquisadores de outras áreas, como a genética molecular, que têm os insumos ainda mais caros. Não sei como eles conseguem trabalhar”.

Tahiana D’Egmont, diretora executiva do site Kickante, afirma que campanhas para financiamento de estudos científicos, ainda são poucas, mas a tendência é de crescimento, dado o cenário de cortes de verbas do governo federal.

“Nós vimos uma notícia falando sobre a dificuldade da Suzana e fomos atrás dela oferecer a nossa plataforma”, conta Tahiana. “Nós estamos conversando com outros pesquisadores. A gente oferece apoio para a construção da campanha e auxiliamos na divulgação”.

“Isso tem me emocionado nessa campanha. As pessoas deixam mensagens dizendo que não estão simplesmente contribuindo para o laboratório não fechar as portas, mas para ver a ciência valorizada, ter orgulho dos cientistas brasileiros“, finaliza Suzana.

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