Tívemos o imenso prazer de bater um papo com o Thiago Diniz, o idealizador de um projeto fotográfico lindo chamado “Mulheres Reais”.
Confira abaixo a entrevista exclusiva que ele concedeu para o Plano Feminino e depois maravilhe-se com as fotos produzidas por ele!
1. Como surgiu a ideia do projeto?
Eu sempre fui curioso pelo universo feminino, muito influenciado pela minha história de vida. Também sempre tive muitas amigas e, conversando com elas, percebia o quanto o machismo prejudicava suas vidas. Dentre as diversas questões, a que eu mais ouvia comentários era a questão relacionada ao corpo. Os padrões impostos pela sociedade, a busca pelo corpo ideal, etc. No início, comecei o projeto mais voltado para a sensualidade, pensando em mostrar que a mulher, se ela quiser, pode ser sensual como ela é, sem ter que recorrer aos estereótipos impostos pela sociedade, mas logo após, graças também a essa troca de conhecimento com elas, percebi que a sensualidade é uma outra questão a ser debatida. O que é sensual? O que a sensualidade representa para as mulheres? Decidi seguir então a linha do universo feminino e seu cotidiano. Queria desenvolver algo que pudesse ajudar de alguma forma as mulheres, que elas se vissem e se reconhecessem.
O primeiro nome a surgir foi Mulheres Comuns, mas fui interpelado por uma das participantes de que ela, assim como cada mulher, era única e cada uma com sua complexidade. Comum poderia soar como algo simples, então, ela sugeriu Reais, já que fazia mais sentido de acordo com o projeto.
2. Como foram escolhidas as mulheres?
No início convidei amigas próximas, expliquei o projeto e todas toparam sem hesitar. Tenho plena consciência que o fato de ser um projeto em que elas acreditavam, viam verdade e sinceridade, fez com que elas se dispusessem a participar. Também foi muito importante ser íntimo delas. Ter uma cumplicidade entre fotógrafo e fotografado.
Uma outra questão também foi de logística. Como o projeto levaria 10 anos e não seria [e nem é] patrocinado, optei por amigas mais próximas geograficamente, pelo menos naquele momento, o que acabou não acontecendo com todas, já que algumas se mudaram e outras amigas, após saberem da proposta, mesmo não tendo tanta intimidade, também quiseram participar.
3. Como acontece o processo de escolha, preparação e fotos? Que tipos de roteiros ou rituais acontecem?
Grande parte das fotografias ocorrem em suas casas pela questão da intimidade e por se sentirem mais à vontade.
Sempre faço um contato prévio e pergunto como está a rotina delas em determinado momento e se eu posso participar fotografando-as. Na maioria das vezes, os locais frequentados por elas permitem as fotos após uma breve explicação sobre o projeto.
4. Como sabe, nosso site fala sobre o empoderamento feminino, então gostaríamos de saber de que forma você imagina e espera que esse projeto ajude as mulheres.
Ninguém melhor que a mulher para falar sobre mulher. O empoderamento deve vir das próprias mulheres, ajudando umas as outras.
Eu penso que o Mulheres Reais pode colaborar como coadjuvante em ajudar mulheres a se reconhecerem como são, mas nunca como protagonista, afinal, mesmo sendo um projeto de fotografia compartilhada onde além da cumplicidade e respeito entre fotógrafo e fotografado há também a participação do fotografado sobre as fotos que serão publicadas, é a visão de um homem sobre o universo feminino.
Penso também que se eu puder ajudar na conscientização dos homens sobre o machismo e fazer eles refletirem sobre o quanto somos opressores, já será de grande valia.
5. Qual foi o momento mais marcante do projeto?
Um dos momentos foi uma das participantes me dizer que queria fazer um ensaio fora do Mulheres Reais, pois após ver suas fotos no projeto, estava se sentindo melhor com seu corpo, se sentindo mais mulher. Fizemos o ensaio com algumas premissas do Mulheres Reais, como não usar maquiagem e não manipular a imagem digitalmente.
Outro momento foi fotografar o casamento de uma delas, não como fotógrafo oficial, mas para o Mulheres Reais.
6. Qual seria sua conclusão final depois de toda a experiência vivida ao longo do projeto?
Ainda não tenho uma conclusão, até porque o projeto segue até 2022. Posso dizer que até o momento, tem sido um aprendizado e tanto conviver com cada uma delas. Seus anseios, suas angústias, momentos de felicidade. Serei eternamente grato a cada uma delas por me proporcionarem essa troca.
7. Você gostaria de acrescentar mais alguma informação, curiosidade ou mensagem que não perguntamos e você acha importante?
Gostaria de agradecer pelo espaço. Que plataformas como o Plano Feminino se multipliquem e que mais mulheres possam se reconhecer e empoderar umas as outras.
Agora, as belíssimas fotos: