Um rapaz, 23 anos, jovem, com muito ainda para viver, assim como as 12 crianças, que mal tinham começado a escrever sua história, não tiveram tempo nem de começar o “Era uma vez…”. Todas essas vidas interrompidas. E fica a dúvida: o que leva alguém a cometer esse tipo de crime?
O fato é que no Brasil é um caso inédito de massacre dentro de uma escola, provocado por um ex-aluno suicida. Porém em países como os Estados Unidos e Japão, infelizmente, esse tipo de crime já não é novidade. E o motivo é quase sempre o mesmo: bullying.
Luis Disanto, psicólogo especialista em pesquisas científicas do crime, em uma entrevista para o site argentino OpiniónSur, conta que esse tipo de crime é motivado por uma extrema exclusão. “Ele mata a uma série de pessoas e termina matando-se. Passa à posteridade, sempre vão falar dele. Acho que esse fenômeno vai crescer, porque estamos caminhando para um mundo mais ligado, mas também mais isolado e apático. Os ideais de solidariedade, de aceitar as diferenças se diluem no formalismo. O lugar da autoridade é inexistente. Em outra época acontecia isso, mas não existiam armas disponíveis. Ficava no discursivo: ‘o mataria’. Agora se junta uma crise vital e o instrumento para completar isso.”
Ouço na TV a resposta do governo ao massacre: “vamos reforçar a segurança nas escolas.” Eu me pergunto: mas não foi exatamente isso que foi feito em países como os Estados Unidos? Lá eles têm até detector de metal na entrada dos colégios, mas isso não impede que ainda ocorram os assassinatos. O que me incomoda é que ninguém pensa em combater a raiz do problema, porque ela é difícil de ser combatida.
É o bullying o problema. É a intolerância ao novo, ao diferente. As crianças estão a cada dia mais violentas. O acesso a armas de fogo cada dia mais fácil. Garantir mais segurança às crianças, não é aumentar a segurança nos colégios. É necessário se assegurar de que a sua criança está bem psicologicamente. Não permitir que ela tenha acesso a armas de fogo.
Não é justificável a ação do rapaz Wellington Menezes de Oliveira, mas não é só aumentar a segurança das escolas que vai fazer a realidade melhorar ou mudar. Os pais precisam conversar com suas crianças, conhece-las. Você conhece bem seu filho? Quanto tempo ele passa em frente ao computador ao invés de estar conversando com você? Quanto tempo você passa preocupado com o trabalho, o dinheiro, ao invés de preocupar-se com o seu filho? Onde ele está, o que está fazendo, com quem ele está? A escola pode até educar – embora eu ainda discorde de que seja este seu papel, mas quem dá carinho, afeto, exemplo e caráter às crianças são os pais.