Quem gosta de rap e quer prestigiar uma mulher incrível, referência nesse estilo, corre pra curtir a Yzalú hoje, às 19:30 na Matilha Cultural, no centro de São Paulo, lá vai acontecer o lançamento do documentário Yzalú – Rap, Feminismo e Negritude e depois ela fará um pocket show.
Yza conta um pouco sobre suas lembranças de infância relacionadas à música: os desfiles que o pai produzia nos Bailes Black de São Bernardo do Campo. “Meu pai é cabeleireiro, especializado em cortes para cabelos afro, ele tinha um salão e promovia desfiles nos bailes. Minha mãe desfilava pra ele e eu ficava ali ouvindo música e maravilhada vendo a minha mãe desfilar. Logo depois disso, quando eu tinha cinco anos, meus pais se separaram e minha mãe foi trabalhar em dois, até três empregos e eu ficava em casa sozinha ouvindo dos vinis dela. Eu ouvia James Brown, Marvin Gave, Michael Jackson”.
Luiza Yara Lopes Silva contou ainda quando decidiu que queria viver da música, fazer rap e tocar violão. “O violão chegou antes do rap na minha vida. Eu tinha 14 pra 15 anos, a primeira música que eu compus foi Bossa Nova. Depois veio o rap e eu não larguei o violão, fiz parte de um grupo de mulheres no rap, o Essência Black e eu estava lá com meu violão”.
Uma das inspirações musicais da cantora foi a Lauryn Hill: “Eu já acompanhava a Lauryn desde o The Fugees, mas quando eu escutei o disco Unplugged dela, no inicio dos anos 2000, eu descobri que podia mesmo fazer rap eu e o violão. E o instrumento é meu escudo, eu sempre fui muito tímida, então o violão me protegia e quando eu escutei a Lauryn, eu escutei possibilidades. Descobri que era possível ser uma mina fazendo um trabalho de resiliência e quando vc chega com resiliência é impossível as pessoas não te notarem, não te darem um espaço”.
Yzalú representa as mulheres negras da periferia e ela traz pra música letras que exaltam essas mulheres e também fala nas suas letras sobre a realidade de pessoas com deficiência. Desde de criança, por conta de uma doença congênita, Yzalú usa prótese na perna direita. Em seu primeiro álbum, Meu Rap é Treta, uma linda e delicada imagem da cantora nua na capa do disco com seu violão servindo de escudo, ela fez questão que a prótese também aparecesse na imagem.
“Eu achava que chegar até aqui não seria possível pra mim por ser uma mulher negra e deficiente com o passar do tempo eu descobri que eu podia fazer da minha vida minha arte, comecei a fazer da minha prótese uma arte.”
“Comecei a utilizar a minha prótese com forma artística. Eu sei o que esta arte pode promover, minha arte é de transformação, eu posso construir muitos pontos de vista da minha ótica, mas posso contribuir com outros olhares, minha arte é relevante. Eu procuro fazer uma arte relevante”.
Yzalú – Rap, Feminismo e Negritude
15/6 às 19:30 na Matilha Cultural
R. Rêgo Freitas, 542 – República, São Paulo
Entrada gratuita
FICHA TÉCNICA
Realização: Rua Filmes
Direção e produção: Inara Chayamiti e Mayra Maldjian
Direção de fotografia: Inara Chayamiti
Som direto (entrevista e performance): Flavio Guedes
Montagem e finalização: Inara Chayamiti
Produção Yzalú: Camila Vaschi
Beleza: Letícia Rocha
Iluminação e câmera adicional (performance): Flavio Guedes