Wal Ruiz e Renata Camargo se encontraram ‘por acaso’. Wal trabalhava em uma agência e procurava uma pessoa pra substituí-la quando Renata apareceu, cheia de vontade de fazer acontecer. Dali, nasceu uma grande amizade que permaneceu mesmo elas tendo seguido diferentes caminhos profissionais.

Em 2008, Wal sentiu sua veia empreendedora tocar muito forte e foi aí que surgiu a WR Comunicação. “Me encorajei mesmo há 10 anos, pouco depois de ter passado uma temporada nos Estados Unidos, por motivo de trabalho do meu marido. Naquela época, a minha vontade era a de fazer comunicação corporativa de um jeito diferente do que as grandes agências de PR pelas quais havia passado. Como todo começo, as coisas não foram tão fáceis. Contei com a ajuda de um querido amigo que me cedeu um espaço em sua agência de promoção, que não por coincidência se chamava WCR. Um ano após essa importante hospedagem de meu amigo, já estava em carreira empreendedora solo, mudei de local e então a minha agência passou a existir como WR Comunicação Estratégica.”

A Renata voltou à vida de Wal e ela contou um pouco sobre a época em que se conheceram, o preconceito de um cliente na agência em que trabalharam juntas e o que a levou a chamá-la para ser sua sócia na WR. “A Renata foi uma antiga atração. Nosso namoro começou quando lá atrás, em uma outra agência precisei contratar um atendimento. E ela foi a escolhida. Mas já lá naquela época tomei contato de perto com a questão da diversidade.

Um dos clientes que ela atenderia, pouco antes de ela iniciar, me chama para me dizer que não queria um atendimento negro e nem gordo e, que, preferencialmente, tinha que ser mulher bonita. Se fosse hoje, certamente eu tornaria público esse pedido, mesmo correndo o risco de perder o cliente.

“Bom, as coisas se ajeitaram e trabalhamos juntas por cerca de pouco mais de um ano. O nosso contato não era ativo, mas perene. Mais pra frente, quando pedi demissão para me mudar para os Estados Unidos, a indiquei para ocupar a minha posição. E nos reencontramos há exatamente 6 anos. No início, seria para uma ajuda com prospecção que evoluiu para iniciar como gerente na WR e há 3 anos oficializamos a pareceria nos tornando sócias. Somos literalmente água e vinho, mas uníssonas no caráter, ética e moral. Elementos, para mim, fundamentais num profissional, ainda mais para uma sócia.”

Por outro lado, Renata diz que ficou muito feliz com o convite e com a confiança da Wal em chamá-la para estarem juntas como sócias: “Já estamos juntas há 5 anos e cada vez mais admiro a coragem dela em ter escolhido uma mulher negra como sócia. Não podemos ser hipócritas e esquecer que estamos no Brasil, onde seria mais fácil o caminho ao lado de um sócio do sexo masculino e branco. Somos ambas corajosas.”

Bem, aí começou a história de sucesso da WR Comunicação. Uma dica que elas dão e acreditam que foi essencial pro negócio na época, é que, assim que decidiram se tornar sócias, contrataram uma empresa de consultoria pra entender melhor o que havia de pontos fortes e fracos em cada uma delas para que pudessem explorar todas as habilidades que possuem juntas pra fazer a empresa crescer. “Foi com a ajuda deles que ficou ainda mais claro o que queríamos para a WR e como poderíamos nos complementar para o sucesso do negócio. O trabalho tem produzido agradáveis resultados, pois na diversidade se constrói, e assim tem sido na WR. Somos complementares em muitos aspectos e isso facilita bastante o dia a dia com os clientes e também dentro da agência. A Wal é a mais prática, eu sou a mais criativa. Eu chego com ideias, ela encontra uma forma de concretizá-las. Juntas, amadurecemos o conceito de agência da WR e evoluímos para o que hoje chamamos de WR Comunicação Interna e Externa. Ou seja, continuamos com o que é a essência da WR, assessoria de imprensa, mas agregamos o novo, a comunicação com colaboradores. E dentro desse nosso novo negócio, Renata ‘fala’ muito bem com os liderados e eu ‘converso’ livremente com os líderes. E assim, juntas, construímos nossas entregas em comunicação interna para nossos clientes, completa a Renata.

 

Renata Camargo (sentada) e Wal Ruiz (em pé), querem ver mulheres alcançando oportunidades e salários iguais aos dos homens.

A gente conversou um pouquinho com as duas também sobre a maternidade, já que elas também pensam de maneiras diferentes nesse aspecto. A Wal é mãe e foi justamente este momento da vida que levaram as duas a se reencontrarem, até a sociedade que têm hoje. Renata optou por não ser mãe, mas isso nada tem a ver com a carreira profissional, esta é uma escolha pessoal e está tudo bem! “É como eu sempre digo, não sou daquelas mulheres que nasceram exclusivamente para serem mães. A maternidade sempre foi algo bem resolvido dentro de mim e em momento algum, seja na gravidez ou mesmo após o parto, a maternidade me atrapalhou. Trabalhei da mesma maneira até o nascimento, que foi um pouco antecipado e por isso, após os 3 dias de hospital, ao chegar em casa numa segunda-feira e dar conta dos meus novos afazeres com meu pequeno, fui para o escritório de casa emitir nota fiscal. A WR não podia parar por conta de minha maternidade. E dessa forma, intercalei com muita tranquilidade as novas funções de mãe, com as já conhecidas funções de empresária. Eu costumo dizer que sou um ser privilegiado, pude viver o melhor dos dois mundos nesse período de licença maternidade. Não vivi exclusivamente para o meu filho, mas o suficiente para entregar amor de qualidade, fundamental para seu amadurecimento emocional. E entre uma mamada e outra, uma reunião de trabalho, para não enferrujar e ainda me sentir útil e bonita, mesmo no pós-parto”, diz Wal e Renata ainda completa: “A minha escolha de não ser mãe nada tem a ver com a minha carreira, não foi e não é ela que me impede. A questão pra mim é de essência mesmo. Não tenho vocação, mas isso não torna a nossa relação clichê, ou seja, eu seria a parte workaholic da sociedade, aquela que não tem filho para cuidar e por isso tem mais tempo (rs). Não é nada disso, nós duas equilibramos bem vida profissional e pessoal e fazemos questão disso.”

Quando abordamos o tema preconceito, elas dizem que nunca passaram por alguma situação em que não fecharam uma negociação por serem mulheres, mas já sentiram um certo clima de tensão no ar, do tipo que você sabe que se fosse um homem ali, tudo seria mais fácil. Já quando falamos de comunicação, que é o forte da WR, elas dizem que sentem que as empresas estão mudando e repensando a forma de se comunicar e que isso é um ponto bastante positivo para todos: “As empresas no Brasil estão amadurecendo sua comunicação interna na base do sofrimento, a comunicação entre líderes e liderados é cada vez mais tortuosa, principalmente, se os liderados são a nova geração. Por isso, buscam agências de comunicação especializadas para que elas possam ajudar nesse interface complexo, tornando-os mais ágeis e transparentes. É um bom momento para as empresas cuidarem do seu público interno com mais atenção”, diz Wall. “E do lado externo sabemos que o consumidor cada vez mais exige diversidade na comunicação das marcas. Esses dias escrevi um artigo sobre isso que está no blog da WR e acredito que valha a leitura ‘No futuro, só haverá negócios com empresas diversas e inclusivas’. Eu mesma presto muita atenção no que compro, se a empresa não me representa, não compro. Essa nossa visão bastante clara desse momento tem feito a diferença para os nossos clientes e isso é importante”, completa Renata.

A questão da diversidade, é essencial para duas. A começar na essência da empresa, até na forma de trabalhar a comunicação com os seus clientes. “A WR trabalha bem essa questão da representatividade no mundo corporativo, começando por nós duas. Essa liderança diversa que representamos empodera outras pessoas, enxergo isso principalmente no nosso trabalho com colaboradores. É muito bacana despertar nas pessoas o sentimento ‘Yes, we can’, não só nos discursos, mas na prática. Vou dar um exemplo da própria WR, no último processo seletivo que fizemos recebemos 3 candidatos negros e foi nítido que se sentiram mais à vontade quando me viram. Eu, na minha época de entrevistas para buscar oportunidades, sentia falta disso. Um deles foi contratado e trabalha diretamente comigo”, contou Renata. Já Wal, diz o quanto ser uma empresa diversa, internamente, é importante e também motivo de grande orgulho para as duas: “Não trabalhamos a diversidade, somos diversas. Veja a cor da pele e o cabelo de minha sócia. Ela é negra. Negra sim, com muito estilo e autoconfiança na raça. Além disso, desde sempre, a WR teve a vocação de atrair profissionais homossexuais. Já foram vários e tenho um carinho enorme por todos eles. E eles sabem disso. Costumo me referir a eles como os meus meninos.”

Toda mulher tem um Plano e com a Wal e a Renata não poderia ser diferente. Elas têm grandes planos e compartilharam um pouquinho deles com a gente. Para a Wal, ela diz que como mulher está muito feliz com a família que criou, mas que a questão de equidade de gênero na profissão é um ponto a ser resolvido: “Intercalo com muito equilíbrio minhas atividades pessoais com as profissionais, mas confesso que ainda gostaria de ter a minha remuneração equiparada ao do meu marido. Isso me traria muito orgulho e satisfação.”

Já Renata falou um pouquinho da questão de raça e como os obstáculos para uma mulher negra são mais difíceis de serem enfrentados. “Uma mulher negra demora um pouco mais para se encontrar como ser e como profissional, o caminho é mais árduo e não sou eu que digo isso, é só olharmos as estatísticas. Comigo não foi diferente e foi após os 35 anos que eu passei a me entender melhor, demorei para encontrar o homem da minha vida, mas encontrei um melhor do que imaginava (rs), me casei aos 41 e hoje me sinto realizada como mulher. Ele e meus pais são meus maiores incentivadores. Vivo meu melhor momento na vida pessoal e profissional e, assim como a Wal, há o desejo de fortalecer a WR e ver o trabalho de nós, mulheres, ser mais valorizado.”

Pra finalizar, Renata e Wal dizem que, pra quem está começando a empreender ou quer ter sucesso na carreira que está executando hoje, é essencial ter determinação, força e equilíbrio emocional para conseguir enfrentar as dificuldades e conquistar todos os planos que quiser, conquistar todos os espaços.

E você, é uma mulher cheia de planos ou conhece uma mulher incrível que também está fazendo acontecer em sua área de atuação? Então, manda um e-mail pra gente no elatemumplano@planofeminino.com.br e conta essa história pra gente, queremos compartilhar os planos de outras mulheres por aqui!

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