Soube esses dias que a Christina Hendricks terá uma nova série na TV. Fiquei contente, achei que a série vai ser divertida e tudo mais. Mas, parei pra pensar em por que eu gosto tanto da Christina Hendricks e isso tem tudo a ver com o corpo dela.

Eu acho Chris uma mulher linda. Com os cabelos vermelhos, a pele muito branca, o corpo com curvas, seios grandes, quadris. E em Mad Men, sua série mais famosa, ela interpretava uma mulher linda, uma personagem que usava sua sexualidade para conseguir coisas na vida. Ela era desejada, um exemplo de mulher, considerada belíssima. E ela era “gordinha”. Coloco entre muitas aspas porque pra mim ela está longe de ser gorda. Mas ela é vista assim em Hollywood, uma atriz “acima do peso”, maior que as outras.

 

christina hendricks

 

Pra mim, foi libertador. Eu tenho um corpo parecido com o dela, apesar de bem mais baixinha: sou branquela, cabelo claro que tinjo de ruivo, corpo com muitas curvas, inclusive umas a mais tipo uma eterna barriga arredondada e uns belos culotes no quadril. Ver uma mulher parecida comigo na TV sendo considerada bonita foi incrível.

Por mais que a Christina Hendricks seja infinitamente mais linda que eu, pela primeira vez eu pude sentir que eu podia ser bonita mesmo.

 

 

Minha amiga comentou que a Laura Prepon tem esse efeito pra ela: alta, magrela, grandalhona, diferente das modelos elegantes ou das atrizes miudinhas. Ver a Laura na TV foi importante pra ela se enxergar como bonita.

Por isso representatividade é tão importante: precisamos ter mulheres com corpos diferentes na TV. Personagens como Olivia Pope ou Annaelise Keating trazem um modelo importante pra meninas negras que normalmente se veem retratadas como empregadas ou como objeto sexuais: elas são negras, poderosas, ricas, bem sucedidas em suas profissões, usam roupas incríveis, são protagonistas das séries.

É importante haver séries como Frankie&Grace, com protagonistas de mais de 70 anos, falando sobre sexo na terceira idade, relacionamentos, filhos crescidos, netos, de maneira moderna e divertida. É importante haver Sense8 e sua personagem trans, que não representa um estereótipo exagerado, mas sim uma pessoa que vive sua vida normalmente (pelo menos até descobrir seus poderes especiais).

É importante que a nova franquia Star Wars seja protagonizada por uma mulher. É importante que Hermione tenha tido destaque nos filmes da série Harry Potter, pelo menos tanto quanto Ron. É importante que nas novelas, nos filmes e em toda a cultura pop vejamos as mulheres representadas de maneiras que vão além do clichê e do padrão de beleza exigido.

Cada uma de nós merece se ver na TV, refletida em personagens interessantes que admiramos. Exigir maior representatividade na cultura pop não é frescura nem mimimi de feminista mal amada: é uma maneira de ter mais e mais mulheres empoderadas e felizes com seus próprios corpos.

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