O programa Encontro com a Fátima Bernardes tem virado notícia constante por abordar assuntos polêmicos e problemas da nossa sociedade. Mas a verdade é que nessas abordagens no programa vimos o quanto a sociedade ainda é machista – o que não é novidade – e o quanto precisamos ainda lutar para que isso acabe.

No programa da última quinta, dia 14, o tema era bastante delicado: abuso sexual infantil e entre os convidados estava o grupo Raça Negra, tendo o vocalista como um dos participantes do bate-papo. Durante a conversa o cantor afirmou que as meninas não devem usar roupas curtas e que isso evitaria os abusos:

“Hoje você vê uma menina de 12 anos, ela quer se portar como uma mulher. Mas ela é uma criança. A gente tem que prestar atenção também nessas coisas. ‘Minha filha, você vai pra escola assim?’, ‘Na escola esse batom vai significar o que pra você? Quando for sair pra uma festinha você bota um batom'”, disse o cantor.

Logo ele foi interrompido pela Fátima Bernardes que disse que “o equívoco está no comportamento do homem que olha assim”, mas não foi o suficiente pra convencer o cantor que, não satisfeito, continuou: “Tem que fazer esse tipo de coisa pra não chamar a atenção. Porque os caras estão aí. E de repente, pela maluquice deles, ele acha que o comportamento dessa menina de 11, 12 anos, que quer se vestir e se achar mais bonita…”

 

https://www.youtube.com/watch?v=FnpALXPSI2M

 

Depois de ser interrompido novamente pela Fátima por conta dos comentários, o jornalista Lair Rennó também decidiu intervir:

“A mulher pode sair com a roupa que ela quiser, o homem, especialmente esse aí que é abusador, deve ser preso. Mas o outro que acha que pode, porque ela está usando shortinho, ele não pode, não! Ela pode usar o shortinho.”

Claro que os comentários logo pipocaram na internet criticando os comentários machistas do cantor e não é pra menos, né? Tanto falamos sobre não culpar a vítima e mostrar que a mulher ou menina nunca tem culpa sobre um abuso com esse e um artista vem a público dar uma declaração como essa… é de matar, né?

Como a repercussão negativa foi grande, o cantor emitiu uma nota pedindo desculpas:

“Tenho 60 anos e tive uma criação muito rígida, minha convicção é plena em dizer que não existe  justificativa para violência. [No programa] eu me referia a pular fases, criança é criança só isso. O mau elemento enxerga com outros olhos o que nós enxergamos com naturalidade. A nossa cultura  sempre foi machista, mas espero que esta e as próximas gerações possam se transformar. Só peço que não confundam excesso de zelo num mundo doentio com acreditar que meninos e homens sejam corretos em suas atitudes maldosas. Peço desculpas se ofendi ou se fui mal interpretado”.

O pensamento machista é cultural. Muitas pessoas foram criadas pensando dessa mesma forma que o cantor Luiz Carlos pensa. Agora, o nosso papel é educar nossas crianças mostrando que homens e mulheres têm direitos iguais, que as pessoas devem se respeitar independentemente do sexo e que a vítima nunca é a culpada quando sofre uma violência. Só assim vamos acabar pouco a pouco com o machismo que ainda está enrustido na sociedade.

 

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *