Muito ainda tem de ser feito para alcançarmos a igualdade de gênero e muitos estudos mostram que seguimos a passos lentos, muito lentos… tanto que nem a nossa próxima geração será capaz de ver um mundo mais igualitário entre homens e mulheres. Só pra ter uma ideia, o Brasil está em 90° lugar no ranking mundial de igualdade de gêneros. Em 2006 estava em 67°. Ou seja, apesar das nossas lutas, a desigualdade ao invés de diminuir, só aumenta. Por isso é tão importante continuarmos agindo pra que essa realidade mude.

Pesquisas importantes mostram a relevância da diversidade de gênero para a inovação. Uma análise do S&P Composite 1500 descobriu que empresas que têm mulheres em papéis gerenciais de destaque valem, em média, cerca de 40 milhões de dólares mais que as companhias apenas com líderes do sexo masculino.

Outros estudos realizados pela EY (Ernst & Young) apontam que executivos concordam que a presença de mulheres em cargos de liderança melhora a performance das empresas. Por outro lado, apenas 18% dos entrevistados estruturaram programas formais para identificar e desenvolver mulheres para a liderança. O Fórum Econômico Mundial aponta que o período  necessário para que se atinja a igualdade de gênero no mercado de trabalho é de 170 anos. (!!!!)

Para isso, a WILL – Women in Leadership in Latin America reuniu seis CEOs ou vice-presidentes de algumas das mais importantes empresas do país no evento “Convidando os Homens para o Debate”, com o objetivo de inserir os homens nesta discussão para saber o que eles pensam e esperam de novas líderes e, acima de tudo, para sensibilizá-los da necessidade de uma mudança neste cenário, para o bem das próprias empresas que representam, para o mercado de trabalho, de modo geral, e para o desenvolvimento do país. O evento foi realizado na sede do Goldman Sachs em São Paulo na última quarta-feira (28).

“É preciso reunir a liderança empresarial, hoje composta pela maioria masculina, para um debate construtivo a fim de entender a necessidade do empoderamento feminino nas empresas e as iniciativas que já existam para que elas se multipliquem”, disse Silvia Fazio, presidente da WILL.

 

Silvia Fazo, durante evento sobre equidade de gêneros.

 

O presidente da EY, Luiz Sergio Vieira apresentou aos demais debatedores a plataforma Womem. Fast Foward, iniciativa que tem o objetivo de diminuir esse tempo com programas de promoção da mulher e com a geração de conhecimento sobre o tema. Segundo estudos, as três maiores barreiras listadas pelas mulheres são a cultura desestimulante, viés organizacional e conflitos com o cuidado da família. 

“Fazemos parte do time que acredita que a diversidade gera valor. Acreditamos que as mulheres são uma força indispensável para as organizações e agregam habilidades e características únicas ao ambiente de trabalho”, diz Vieira.

O estudo Navegar a disrupção sem diversidade de gênero? Pense de novo, realizado pela EY com 350 líderes em 51 países, aponta que mais de metade dos entrevistados (55%) disse que precisa fazer mais para atrair, manter e promover mulheres a posições de liderança. No entanto, há uma desconexão entre intenções e atitudes. Quase metade (43%) dos homens afirmou que um dos maiores problemas era a falta de candidatas. Mas, entre mulheres, apenas 7% concordaram que esse era o maior obstáculo.

“Os dados nos mostram o tempo todo que mulheres na liderança trazem benefícios às organizações. Precisamos então trabalhar o inconsciente, o que está por trás das decisões para colocarmos esses estudos em prática”, revelou Andre Mendes, presidente da Johnson & Johnson.

O vice-presidente da Pepsico, Marcos Vaccari, afirmou que a organização investirá cerca de 1,5 milhão de dólares no Brasil no desenvolvimento de mulheres e meninas.

“Além da prosperidade economia, há uma melhora qualitativa. Na tomada de decisões as mulheres tendem a escutar mais as opiniões e agregam habilidades”, concluiu o presidente da Bayer S.A, Theo Von Der Loo.

“Somente com um diálogo aberto e claro e com o apoio dos homens conseguiremos atrair e reter o talento feminino para o mercado de trabalho, em todos os níveis, e fazer com que a mulher, finalmente, aspire e conquiste mais posições em cargos de liderança. É fundamental que nós, mulheres, reconheçamos o potencial econômico feminino e convidemos os homens, que são hoje a maioria dos líderes empresariais e políticos, para esse importante debate.”, ressalta a presidente da WILL, Silvia Fazio.

“Vale lembrarmos que há diferentes tipos de mulheres, diferentes líderes, e todas têm que ter seu espaço. É uma batalha diária da cultura da inclusão”, afirmou o presidente da Dow America Latina, Fabian Gil.

É importante termos movimentos como estes trazendo os homens para o foco da discussão justamente para entender o porquê de tão poucas mulheres ocuparem vagas de líderes de grandes companhias e o que precisa ser feito para que este conceito mude e que nós, mulheres, possamos ocupar os espaços que temos tanto talento quanto os homens para ocupar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *