É quase um pleonasmo falar sobre a importância do inglês atualmente. Por isso, vamos falar sobre motivação. O que motiva uma criança ou adolescente a estudarem inglês? Provavelmente os pais, ou a obrigação escolar. Isso não é bem uma motivação, e sim uma obrigação. Mas o que motiva de verdade uma criança ou um adolescente? Encontrar um interesse, uma utilidade no inglês, além da obrigação de ir ao curso porque os pais os obrigam.
Adultos aprendem de uma maneira completamente diferente. Temos nosso passado, nossos medos, nossas necessidades, nossas expectativas – e transferimos tudo isso para o aprendizado. Por que um adulto busca um curso de inglês? Geralmente por necessidade. Porque o chefe está cobrando, porque tem uma viagem de trabalho, porque aquela promoção sonhada depende de um segundo idioma bem falado, ou porque a recolocação profissional exige. Dificilmente vê-se, hoje em dia, uma vaga que não exija inglês.
E é aí que viramos adolescentes. Não temos motivação, temos apenas obrigação. E agora peço que sigam comigo num pequeno interlúdio de volta ao meu passado, direto do túnel do tempo.
Minha mãe ouvia muita MPB, sempre, e ela teve a fase Caetano Veloso. Caetano às vezes se arrisca no inglês, e ele tinha uma música ótima chamada “Shy Moon”. Eu pegava o encarte do LP (sou antiga, gente), e tentava ler a letra e cantar junto. Obviamente não dava certo, inglês não é silábico como o português, mas eu tentava. E cantava alto. E perguntava à minha mãe: “tá certo, mãe?”
Minha mãe não fala uma palavra de inglês, mas, apesar disso, e numa tentativa de me fazer ficar quieta – ou então imbuída de amor maternal e numa tentativa de me estimular a falar inglês – ela falava “Tá certinho, Camila, é assim mesmo!” E foi assim que eu achava que falava inglês.
Quando eu tinha uns 9 anos, estava com meu tio no carro, e começou a tocar Tracy Chapman. Lá, no longínquo ano de 1988, a Tracy estava arrasando nas paradas de sucesso com seu hit “Baby can I hold you”, e eu ouvia essa música direto. Na minha cabeça, eu sabia cantar inglês, lembrem-se que mamãe havia dito que eu sabia, e se a mãe diz, está dito. Comecei a cantar a plenos pulmões, quando meu tio, desprovido de amor maternal, obviamente, me disse “Camila, canta baixinho, tá me atrapalhando a ouvir a música”. Fiquei ofendida. Atrapalhando?
“Mas eu sei cantar! Eu canto direitinho!” E foi nesse momento que, tal qual Scarlett O’Hara com a terra da fazenda na mão dizendo “jamais passarei fome”, eu peguei minha terra imaginária na mão e pensei “jamais passarei vergonha de novo, vou aprender a falar inglês, e vou saber cantar todas as músicas e vou saber tudo”. E aqui termina esse interlúdio e essa viagem nostálgica.
Quando eu comecei a estudar inglês eu tinha essa motivação, esse objetivo. Pueril? Talvez. No entanto, eu realmente me sentia motivada a falar bem, ouvir bem, e consequente, entender todas as músicas e cantar bem alto na orelha do meu tio.
O tempo passou e eu vi que aquela motivação havia se tornado algo muito, muito maior. Eu realmente GOSTAVA de inglês, eu estudava porque achava legal, porque gostava dos sons, porque achava bonito. Não vou enganar vocês, a verdade é que eu amava o inglês, e ainda amo, e não acho que vocês precisem amar. Não precisa se apaixonar pelo idioma e andar de mãos dadas no shopping. Mas vocês precisam sim encontrar uma motivação maior, algo além, um “plus a mais” (desculpem-me) para que estudem sem encarar as aulas como uma obrigação. É necessário encontrar um motivo mais pessoal que saia do “estou sendo cobrada em meu trabalho, tenho que estudar”. Inglês a gente aprende em todo lugar, não só nas aulas!
E inglês é pra vida toda, eu ainda estudo, e sou proficiente há anos. Encarar o inglês como obrigação faz a gente cair naquelas velhas armadilhas de “inglês em x meses”, “fluência em x horas”, e isso, sendo bem clara, é uma bobagem. Entendo a pressa em aplicar os conhecimentos nas conference calls e reuniões, mas inglês não é só isso. Não tem que ser só isso. Esqueçam as aulas de colégio em que éramos torturados pelo verbo to be por anos a fio. O idioma é muito mais que isso, e pode se tornar algo prazeroso. É encontrando motivação, prazer, outras utilidades, que seus traumas com a língua poderão ser deixados para trás.
Você está pensando em estudar inglês? Já estuda? Então pense nos seus momentos de lazer. O que você gosta de fazer? De ler? De assistir filmes? De viajar? Ouvir músicas? E por que não se animar para encaixar o inglês nesses momentos? Ao contrário do que muitos acreditam, aprender inglês pode e deve ser legal. Encontre a sua motivação pessoal and have fun!