O Dia Internacional da Luta contra o Câncer na Infância é comemorado dia 15 de fevereiro e a ideia é promover a conscientização global sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer infanto-juvenil, para maiores chances de cura e menos sequelas após o tratamento.

Referência no tratamento de câncer infanto-juvenil em toda a América Latina, o Centro Infantil Boldrini dedica-se, há quatro décadas, à prestação de serviços de saúde voltados à criança e ao adolescente e suporte às famílias dos pacientes. O Boldrini oferece modernas tecnologias na área do diagnóstico do câncer, e tratamento de doenças onco-hematológicas, desenvolvendo pesquisas científicas nas áreas clínicas e laboratoriais, além da formação profissional de médicos, de outros profissionais da saúde e de pesquisadores nas áreas da Biologia e Biomedicina.

Atualmente, cerca de 70 a 80% dos pacientes oncológicos da instituição são curados – índices que equivalem aos dos países desenvolvidos. Ao longo dos 40 anos de atuação, o hospital já atendeu cerca de 30 mil pacientes. Destes, 8 mil deles diagnosticados com tumores malignos – dos quais mais de 6 mil estão bem e fora de terapia. Para a Dra. Silvia Brandalise, presidente do Centro Infantil Boldrini, a maior conquista até hoje foi a criação do Grupo Brasileiro de Tratamento da Leucemia na Infância (GBTLI).

“Este grupo, inicialmente vinculado à Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (SBHH), posteriormente ligado à Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE), simplesmente mudou no país, não somente os critérios diagnósticos, mas sobretudo a filosofia do tratamento dos pacientes portadores da leucemia linfoide aguda (LLA), alcançando taxas progressivamente ascendentes de cura”.

O GBTLI foi fundado pelo Boldrini em 1979 e, desde então, coordenou seus estudos clínicos prospectivos em leucemia desenvolvidos em diversas instituições do país.

Para se ter uma ideia, em 1978, as chances de cura da LLA estavam em torno de 5%. Com o estudo clínico LLA-80, as chances de cura resultaram em 30%, crescendo progressivamente, nos estudos subsequentes, para 70-80%. É notável que a atuação e liderança do Boldrini estimulou e propiciou, em nível nacional, a capacitação e treinamento de profissionais de diferentes estados, nas novas tecnologias de diagnóstico e de tratamento da leucemia da criança.

 

 

Atualmente, o Boldrini é o único representante do Brasil em Estudo Epidemiológico sobre o Câncer da Criança, a convite do ICCCC (International Chilhood Cancer Cohort Consortium)/WHO, para, ao lado de diversos outros países, buscar fatores relacionados ao desenvolvimento do câncer na criança. Além disso, eles fizeram uma parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina.

“Os nossos pesquisadores, em parceria com a UFSC descobriram uma nova droga conta o câncer pediátrico há cerca de oito anos. É um novo quimioterápico que está em tempo de espera para conseguir a patente internacional, para subsequente registro no Brasil”, ressalta o pesquisador do Centro Infantil Boldrini, José Andrés Yunes.

O maior desafio no Brasil, explica a Dra. Silvia, é alcançar taxas de sobrevida da LLA da criança, iguais àquelas obtidas pelos pacientes registrados no GBTLI. “Cerca de 3-5% das crianças com LLA participam destes estudos clínicos, obtendo chances de sobrevida livre da doença (SLD) em 5 anos, da ordem de 70-80%. As demais crianças brasileiras com o diagnóstico de LLA, que seguem diferentes esquemas terapêuticos, alcançam a taxa de SLD em 5 anos, da ordem de 47%, conforme dados publicados pela OPAS, OMS e INCA”. Para comparação, nos Estados Unidos e Alemanha, a participação das crianças com LLA em estudos clínicos é quase de 100%. Nestes países, as taxas da SLD em 5 anos são da ordem de 80-90%.

Apesar dos avanços em relação à cura do câncer infantil, isto ainda não é o bastante. Pensando em ampliar a área de pesquisa do Boldrini, neste ano será inaugurado o Instituto de Engenharia Celular e Molecular Zeferino Vaz. Para a Dra. Silvia, esta será uma importante consolidação da parceria técnico-científica entre o Centro Infantil Boldrini, não somente com a Unicamp, como também com outros Centros de Pesquisa nacionais e internacionais. Será o maior centro de pesquisas em câncer pediátrico no Brasil e na América Latina. “O Instituto deverá contar com cerca de 40 pesquisadores, na busca de novos quimioterápicos e nas terapias gênicas no combate ao câncer. A gente precisa se incomodar com o fato de que 30% dos pacientes com câncer ainda morrem. Os investimentos em pesquisa são essenciais para que, logo, possamos alcançar a cura plena”, enfatiza a médica.

Outro ponto que vale ressaltar neste dia de combate ao câncer infantil é que hoje, vivenciamos no Brasil, o problema recentemente divulgado pela Organização Mundial de Saúde (2017), sobre as “Fake Drugs” distribuídas nos países pobres e em desenvolvimento. Dentre as três primeiras categorias destas drogas problemáticas, estão os medicamentos contra o câncer. A LeugiNase produzida em Beijing, usada no tratamento da LLA, foi um recente exemplo. O novo produto Leucospar, produzido em Chengzhou-Qianhong, China, também surpreende por não ter estudos clínicos que comprovem a eficácia e segurança deste medicamento na LLA de crianças. Além disso, outro problema grave que estamos vivenciando há quase um ano, é o chamado “desabastecimento” de alguns quimioterápicos utilizados em oncologia pediátrica, como por exemplo a Actinomicina D. “Todo processo de importação é oneroso, extremamente burocrático e demorado. Não podemos retroceder a duas décadas, no tratamento do câncer da criança”, finaliza.

 

DADOS GERAIS SOBRE O CÂNCER INFANTIL:

– O número de casos de câncer infantil aumentou em 13% nos anos 2000, em relação aos anos 1980, de acordo com os dados do estudo elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS);

– A leucemia é o tipo de câncer mais frequente nas crianças e corresponde a quase um terço dos casos, de acordo com o estudo que analisou 300 mil casos diagnosticados em 62 países. Em seguida, aparecem os tumores no sistema nervoso central (20%) e os linfomas;

– Entre os adolescentes, os principais tipos da doença que se manifestam são o linfoma, (23% dos casos), seguido de carcinomas e dos melanomas (cânceres de pele, 21%);

Um dos motivos apontados pelo estudo que motivaram o aumento do número de caso de câncer entre crianças foi a melhoria no diagnóstico da doença;

– Outras razões seriam influências externas e ambientais. Infecções ou certas substâncias contaminantes presentes em certos ambientes;

– Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), assim como em países desenvolvidos, no Brasil, o câncer já representa a primeira causa de morte (8% do total) por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos;

– De acordo com o INCA, estima-se que ocorrerão cerca de 12.600 casos novos de câncer em crianças e adolescentes no Brasil por ano;

Esta é uma doença muito triste e quando atinge crianças, então é de partir o coração. Por isso, é importante ter um local de confiança e com a estrutura adequada para o tratamento dos pequenos, só assim eles poderão ter maior chance de cura. <3

 

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